A FIAPE!

Após mais uma FIAPE é tempo de análise e de pensar o futuro, e posso dizer que a FIAPE deste ano foi melhor e maior do que a do ano anterior, com mais visitantes e expositores, melhor organizada, mas entendo que pode e deve crescer mais. Como?
A FIAPE tem vindo a desenvolver a vertente da pecuária, a do artesanato, a da maquinaria agrícola e a dos vários sectores alimentares dos produtos regionais, mas tem, ainda, muito para crescer, para que se torne, definitivamente, numa referência regional que marque de forma indelével a agricultura como um todo.
A FIAPE, a meu ver, deverá desenvolver toda a vertente agrícola, desde a produção de cereais, dos hortícolas, passando pela floresta e terminando na cinegética, representando, assim, todo o sector agro-pecuário da actividade agrícola como um todo.
A FIAPE deverá abrir espaço à presença dos produtores agrícolas para que apresentem os seus produtos, promovendo concursos de qualidade da produção, premiando aqueles que se destaquem nas melhorias introduzidas, quer nas formas, quer nos processos de cultivo, quer na qualidade do produto final, de entre outros.
Semelhante aposta deverá ser feita na vertente florestal, promovendo, também, a realização de concursos de qualidade, quer nas práticas, quer na conservação e manutenção e formas de exploração.
A área da cinegética é outro importante sector da actividade que deve estar presente, como forma alternativa de exploração da propriedade, dando visibilidade a formas de exploração cinegética competitiva e lucrativa, que fazem, também, desenvolver todo um sector económico a ela ligado.
São três áreas que darão à FIAPE uma outra dimensão, para além de, com elas, a feira abarcar, de facto, todo o mundo agrícola, surgindo como uma referência de excelência da agricultura.
Será uma aposta decisiva para o incremento da produção, bem como o demonstrar do apoio e do interesse na sua existência, que promove, simultaneamente, a manutenção do povoamento, do ordenamento do território e da manutenção do comércio local e nacional, tendo como resultado uma apetência para a criação de riqueza, para além de poder promover a investigação científica nestas áreas.
Mas pode ainda ir mais longe, ao abrir concursos internacionais para que, pelo menos possa motivar os produtores de Zafra para trazerem à feira os seus produtos e animais, criando uma motivação acrescida entre os produtores nacionais e estrangeiros.
Paralela e simultaneamente, a FIAPE pode tornar-se num ponto de referência didáctica e pedagógica, em parceria com o Centro de Ciência Viva de Estremoz, dedicando todos os anos a um tema ligado à agricultura, como por exemplo, os cereais, a oliveira, a cortiça, o porco, o bovino, etc, através do qual fará o seu percurso histórico-evolutivo numa exposição apresentada desde a produção à sua comercialização e às várias formas de aproveitamento.
Dentro desta área temática, poderá apresentar exposições relativas à realidade rural, através da exposição de partes do espólio do Museu da Alfaia e do Museu Rural, dando toda uma perspectiva de evolução da vida, dos costumes, das formas de produção e da vivência do que foi e é a agricultura.
A FIAPE tem futuro!

Luís Assis
Publicado também no nº 738 do Jornal Brados do Alentejo

As autoridades oliventinas recuperam os nomes portugueses das ruas

TEXTO BILINGUE

Olivença recupera as suas ruas

A Câmara Municipal de Olivença começou a recuperar os antigos nomes em português das ruas da localidade. A iniciativa parte da associação cultural Além Guadiana, que há um ano apresentou à Câmara e aos diferentes representantes políticos de Olivença um projeto pormenorizado para a valorização da toponímia oliventina, com unânime aceitação.
O projeto contempla a adição dos antigos nomes das ruas aos atuais, mantendo a mesma tipologia e estética nas placas. Assim, resgatam-se as denominações das ruas, dos becos, das calçadas, etc., que configuram o extenso casco histórico encerrado nas muralhas abaluartadas, com um total de 73 localizações. Tudo irá acompanhado de um simbólico ato inaugural e da edição de brochuras turísticas bilingues.
A maior parte da toponímia urbana de Olivença foi substituída ou modificada na primeira metade do século XX, embora alguns dos nomes continuem a ser utilizados pela população apesar das alterações, como nos casos da rua da Rala, da rua da Pedra, da Carreira, etc.
Os antigos nomes das ruas falam-nos do passado português da “Vila”, como popularmente é conhecida a cidade, desvelando aspetos diversos, amiúde desconhecidos, da sua história.
Estes remontam a séculos atrás, muitos deles à Idade Média, aludindo a pessoas ilustres da História, a antigos grémios de artesãos, a santos objeto da devoção popular ou à fisionomia das ruas, entre outros aspetos. A rua das Atafonas, a Calçada Velha, o Terreiro Salgado e o beco de João da Gama” são alguns exemplos.
Com esta iniciativa pretende-se, enfim, realçar um interessante componente da rica herança cultural oliventina, a toponímia, contribuindo para testemunhar a história partilhada deste concelho e para a tornar visível em cada recanto intramuros. Os nomes ancestrais dos espaços públicos conformam uma janela que convida a assomar-se e a explorar a apaixonante história de Olivença. Expressados na sua originária língua portuguesa, constituem o testemunho vivo de uma cidade onde se respiram duas culturas e são um veículo que encoraja os mais novos a manter a língua que ainda falam as pessoas mais velhas do município. Para a associação Além Guadiana, trata-se de uma iniciativa com fins didáticos, culturais e turísticos, com a qual se resgata para o presente uma parte do passado oliventino.

Olivenza recupera sus “ruas”

El ayuntamiento de Olivenza va a recuperar los antiguos nombres en portugués de las calles de la localidad. La iniciativa parte de la asociación cultural Além Guadiana, que hace un año presentó al ayuntamiento y a los distintos representantes políticos de Olivenza un proyecto detallado para la valorización de la toponímia oliventina, com unánime aceptación.
Dicho proyecto contempla la adición de los antiguos nombres de sus calles a los actuales, manteniendo la misma tipología y estética en las placas. Se rescatan así las denominaciones de las “ruas” (calles), “becos” (callejas), calçadas (calzadas), etc. que configuran el extenso casco histórico que encierran sus murallas abaluartadas, con un total de 73 localizaciones. Todo ello se acompañará con un simbólico acto inaugural de las placas (el próximo 12 de junio) y con la edición de folletos turísticos bilingües.
La mayor parte de la toponimia urbana de Olivenza fue sustituida o modificada en la primera mitad del siglo XX, si bien algunos de los nombres siguen siendo utilizados por la población a pesar de las alteraciones, como en los casos de la calle de la Rala, la de la Piedra, la Carrera, etc.
Los antiguos nombres de las “ruas” nos hablan del pasado portugués de la “Vila”, como popularmente se conoce a la ciudad, desvelando aspectos diversos, a menudo desconocidos, de su historia. Éstos se remontan a siglos atrás, muchos de ellos a la Edad Media, aludiendo a personas ilustres de la Historia, a antiguos gremios de artesanos, a santos objeto de la devoción popular o a la fisonomía de las calles, entre otros aspectos. La “rua das Atafonas”, la “Calçada Velha”, el “Terreiro Salgado” y el “beco de João da Gama” son algunos ejemplo de ello.
Con esta iniciativa se pretende, en definitiva, poner en valor un interesante componente de la rica herencia cultural oliventina, la toponimia, contribuyendo a atestiguar la historia compartida de este municipio y a hacerla visible en cada rincón intramuros. Los nombres ancestrales de sus espacios públicos conforman una ventana que invita a asomarse y a explorar en la apasionante historia de Olivenza. Expresados en su originaria lengua portuguesa, constituyen el vivo testimonio de una ciudad donde se respiran dos culturas, y son un vehículo que anima a que los más jóvenes mantengan la lengua que aún hablan las personas mayores del municipio. Para la asociación Além Guadiana, se trata de una iniciativa con fines didácticos, culturales y turísticos, con la que se rescata para el presente una parte del pasado oliventino.
Publicado também em Além Guadiana

A substância e a forma


Antes que pensem que estou a falar duma lei contabilística que enuncia a prevalência da substância sobre a forma, esclareço que a crónica de hoje não tem nada a ver com isso. Aliás, vou procurar demonstrar exactamente o contrário, ou seja, que numa perspectiva de longo prazo é a forma que prevalece sobre a substância. Confusos? Não fiquem, esclareço já.
Hoje escrevo sobre a inconsistência inúmeras vezes verificada entre o discurso e a prática. Se preferirem, podem considerar que vou escrever sobre aquilo que os políticos dizem e sobre aquilo que os políticos fazem. Creio ser pacífica a conclusão de que uma e outra coisa nem sempre são coincidentes…
Para os contemporâneos da decisão política (e que dela colhem os benefícios ou os inconvenientes) aquilo que verdadeiramente conta é o que observam e sentem no momento em que esta produz efeitos. Se quiserem, é a essência percebida (justa ou injusta, não interessa) que prevalece. Porém, numa óptica histórica, os efeitos das decisões políticas são encaradas de forma desapaixonada e, como tal, são avaliadas de uma forma mais objectiva. Neste contexto, é a forma, ou seja, aquilo que ficou registado, que tende a prevalecer (por alguma razão, a maioria dos heróis estão mortos…).
Vou dar alguns exemplos. John Locke é historicamente considerado como o precursor da defesa dos direitos das pessoas relativamente às arbitrariedades do poder. O que pouca gente sabe é que a máxima que defendeu de que os governados têm direito à sublevação contra os governantes tiranos, foi escrita por encomenda. Quando Locke pôs em causa a legitimidade sucessória da realeza, estava a dar corpo ao receio de que um rei católico apostólico (o futuro Jaime II) viesse a sentar-se no trono de Inglaterra. Até Locke estava longe de imaginar que o seu texto tinha ganho vida própria, muito para além daquilo que ele pudesse ter sentido ou pensado. Mais tarde, quando as colónias americanas entraram em conflito com a coroa britânica – por causa do pesado fardo fiscal que recaía sobre os colonos para pagarem a guerra dos setes anos (guerra que, entre outras coisas, permitiu que hoje também se fale inglês no Canadá) –, Thomas Jefferson, por muitos considerado o pai da nação americana, pegou nos textos de Locke e, substituindo algumas palavras e contextualizando outras, defendeu que "todos os homens são criados iguais, dotados (…) de direitos inalienáveis" na Declaração da Independência de 4 de Julho de 1776… ao mesmo tempo que era fazendeiro na Virgínia proprietário de escravos. Na revolução francesa, os artífices da declaração dos direitos do homem e do cidadão – a qual está na génese da actual Declaração Universal dos Direitos do Homem –, os jacobinos Robespierre e Marat, foram os mesmo que determinaram que o cutelo da guilhotina caísse sobre as cabeças que ousaram discordar da mentalidade dominante.
No longo prazo, o que prevaleceu afinal, a forma ou a substância?
Publicado na edição de 27Mai2010 do Jornal Brados do Alentejo
Também publicado em ad valorem

PALÁCIO DA JUSTIÇA DE ESTREMOZ - Devolver a dignidade que lhe é devida

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O Palácio da Justiça de Estremoz no ano de 1986.
Leitor atento de Ivone Carapeto, o conteúdo da sua crónica “DE OLHOS POSTOS NO CHÃO”, publicada no número 2 do “Jornal E”, suscitou em mim simpatia e sinergia pela sempre candente questão da Defesa do Património. Neste caso, da Paisagem Urbana tão importante para o Turismo, um dos pilares de sustentação da economia local.
Como ela, também eu não simpatizo nada com as ervas que licenciosamente crescem nas nossas calçadas, entre elas a do Palácio da Justiça, em Estremoz.
Infelizmente, o problema não é só causado pelas ervas que com o beneplácito de quem devia ser responsável pela sua eliminação, cresceram desmesuradamente com a farta rega proporcionada pela basta chuva que nos aspergiu.
O problema é de natureza mais vasta e tem a ver com a dignidade própria que deve ser apanágio de edifícios que em virtude da funcionalidade que lhes é inerente, devem constituir símbolos dessa mesma funcionalidade: Palácio da Justiça, Câmara Municipal, Igrejas ou Quartel Militar. São símbolos arquitectónicos de princípios que são gratos à maioria dos cidadãos: o respeito pela Justiça, pelo Poder Local democraticamente eleito, pelas Crenças Religiosas e pelas Forças Armadas, garantes da Soberania Nacional.
No caso em epígrafe, o Palácio da Justiça é a sede do Poder Judicial a nível local.
A Justiça é habitualmente representada na pintura e na escultura por uma figura feminina com os olhos vendados, para demonstrar a sua isenção e imparcialidade. Numa das mãos uma balança que representa o discernimento para avaliar as provas apresentadas e a ponderação dos interesses das partes em litígio. Na outra mão, a espada, símbolo da força de que dispõe para exercer o poder de decisão e impor o Direito.
O Palácio da Justiça de Estremoz tem na fachada o brasão de armas da cidade e por baixo a inscrição latina “DOMUS JUSTITIA”. O seu aspecto exterior e o do espaço circundante, de modo algum podem ser desmazelados, sujos, caóticos ou anárquicos, já que isso pode ferir ou macular a imagem do local que arquitectonicamente simboliza a Sede de aplicação da Justiça. Ora isso acontece.
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A DEGRADAÇÃO DA PAISAGEM URBANA
A nível da calçada circundante, as ervas são mais do que muitas.
A nível do telhado existe um bem provido aviário, misto de andorinhal e pombal. Na verdade, é farta a provisão de andorinhas nos beirais e nichos do edifício, onde se instalaram há muito, pombos de cidade (que não são pombos de columbófilos nem pombos bravos) e que constituem um grave problema de ordem sanitária, higiénica e de saúde pública, que alguns duma forma autista, teimam em não querer ver.
A nível do espaço circundante do tribunal, observa-se um estacionamento caótico e anárquico que põe em causa a própria segurança do tribunal, pois não é admissível a título algum, a pressão que ilegitimamente os veículos estacionados, de forma crescente, vão exercendo sobre o edifício e quem lá trabalha.
Este estacionamento foi concebido para automóveis e como tal foi balizado por grandes vasos de cimento, a fim de assegurar um adequado distanciamento ao edifício. Pois bem, ao longo dos anos houve quem entendesse que podia “albardar o burro à vontade do dono”, pelo que foram empurrando cada vez mais, os vasos em direcção ao edifício, a fim de poderem estacionar veículos cada vez maiores. Começaram por ser carrinhas fechadas, usadas no transporte de mercadorias. Agora num dos pontos de estacionamento mais próximo da Rua 5 de Outubro, já é possível estacionar um camião.
A nível das traseiras do Palácio da Justiça há falta de iluminação, que cria condições propícias para ser utilizado por quem, devido ao elevado estado de alcoolemia, tem dificuldade em reter águas ou, simplesmente, quem acha que não tem nada que ir aos sanitários mais próximos. A falta de iluminação no local cria, de resto, condições propícias à prática de actos que teriam por palco mais adequado, um quarto de pensão.
Quanto ao passeio do Tribunal que dá para a Rua de Santo André, onde não está previsto estacionar, há permanentemente automóveis em transgressão, alguns dos quais chegam a bloquear os automóveis legitimamente estacionados no passeio junto aos contentores do lixo. Quem vai ao Multibanco ou a um dos cafés da zona, acha que o estacionamento do Rossio fica longe.

MEDIDAS FÁCEIS DE TOMAR
Que fazer então? Penso que há várias medidas susceptíveis de ser tomadas:
- A nível da ervanária que garridamente decora o vetusto espaço judicial, deve o Vereador do Pelouro do Ambiente e Serviços Urbanos, tomar providências que se traduzam em ordens para os cantoneiros aplicarem herbicida no local “à tripa forra”. Se, todavia, tiver qualquer objecção de consciência em relação à aplicação de herbicidas, o problema além de seu é nosso. Que produza então orientação para que os cantoneiros mondem com sachola, à moda antiga. À comunidade tanto nos dá, o que é preciso é que as ervas saiam dali (E doutros sítios também!).
- A nível do espaço circundante ao Palácio da Justiça, deve-se combater o estacionamento caótico. Para tal há que redefinir qual é a profundidade da faixa de estacionamento e alinhar os vasos de cimento, na posição que lhes foi atribuída. Porém, sem ceder a pressões ilegítimas de quem quer “albardar o burro á vontade do dono”. Naturalmente que é uma medida a ser tomada por funcionários da Câmara, supervisionados por um Engenheiro dos respectivos Serviços.
- A nível de transgressão de estacionamento na Rua de Santo André, uma circulação mais frequente da PSP pelo local, poderá criar um efeito dissuasor sobre os prevaricadores.
- A nível do telhado é desejável que a entidade que gere o Palácio da Justiça, possa reunir condições que lhe permitam concluir a necessidade de aplicação de rede em polietileno transparente e espigões em aço com base em PVC, aplicáveis com silicone. Isto tem sido feito em muitos edifícios públicos. A nível de edifícios ligados à Justiça temos conhecimento dos Tribunais Judiciais de Abrantes, Aveiro e de Figueira de Castelo Rodrigo. É de realçar que existindo aves como as andorinhas, que são espécies protegidas, a aplicação de sistemas dissuasores como os referidos não provoca qualquer tipo de dano às aves, limitando-se a impedir que as aves pousem e nidifiquem nos locais protegidos. Para tal, os sistemas são aplicados fora do período de nidificação e cumprindo integralmente as leis do Instituto de Conservação da Natureza.
 - A nível da iluminação, penso que não será difícil iluminar melhor o local, evitando que alguém seja apanhado como não quer.
Estas são medidas parcelares, mas que duma forma integrada e sem grande esforço, podem e devem ser tomadas, visando devolver o Palácio da Justiça, à dignidade própria que é suposto ser-lhe devida.
Basta a cooperação coordenada de entidades que a maioria de nós respeitamos: Câmara Municipal, Tribunal Judicial e PSP.
Alguns dos prevaricadores não gostarão, mas o grosso da Comunidade agradecerá.

O Economês descomplicado



O Economês descomplicado
Por: António Fitas Garcia
Esta coluna, tem como objectivo ajudar a entender, temas económicos que marcam a actualidade, que mexem com as nossas vidas e que por vezes são difíceis de entender.


A crise financeira que se abateu por todo o mundo em 2008, e que foi apelidada da maior crise desde a Grande Depressão de 1929, teve o seu inicio nos Estados Unidos da América com a designação da crise do Subprime.
De uma forma didáctica, vamos usar como exemplo a história fictícia de Ted, um típico americano de classe média, e um consumista desenfreado:
Ted, comprou casa para habitação própria, no começo dos anos 90 por 200.000 dólares pedindo para o efeito um empréstimo bancário a 30 anos.
Com a valorização imobiliária nos anos seguintes, em 2006 a casa de Ted tinha valorizado e foi avaliada em 1 milhão de dólares.
Mesmo ainda faltando cerca de 15 anos para pagar o empréstimo, o banco perguntou se ele queria um financiamento de 800.000 dólares, ou seja, uma segunda hipoteca, sobre a sua casa.
Ted não precisava do dinheiro, tinha um emprego estável, morava numa simpática casa no subúrbio de uma grande cidade, mas como todo o americano, não podia ouvir a palavra crédito. Ele aceitou o empréstimo, fez a nova hipoteca e ficou com os 800.000 dólares.
Com o dinheiro na conta, Ted ia sendo informado pelo seu gestor bancário que o mercado imobiliário continuava a valorizar fortemente.
Ted foi então aconselhado a investir no ramo imobiliário e decidiu comprar 3 casas em construção, na parte mais nobre da cidade, dando como entrada 300.000 dólares e contraindo novos empréstimos para concluir essas casas.
A diferença, 500.000 dólares, que Ted tinha recebido do banco, gastou em novos carros para ele e para a esposa, em novas mobílias, plasmas, viagens e por fim uma cirurgia plástica para a esposa.
Ted era o sonho americano em forma de pessoa, só havia um problema, toda a gente estava a ter a mesma ideia.
No começo de 2007 começaram a correr boatos que os preços das casas estavam a cair. Ai aconteceu o que muitos temiam, a chamada Bolha Imobiliária “estourou”.
As casas que Ted tinha comprado e estavam em fase final de construção caíram vertiginosamente de preço e as taxas de juro das hipotecas que pagava começaram a subir astronomicamente. Os compradores desapareceram. Ted começou a não poder pagar aos bancos os empréstimos das casas.
Os bancos começaram então a ficar sem receber de milhões de especuladores iguais ao Ted e tiveram que executar as hipotecas.
Ted, teve de entregar aos bancos as 3 casas que comprou como investimento perdendo tudo o que tinha investido, e ainda ficando a dever muito dinheiro.
Os bancos que entretanto haviam transformado os empréstimos de milhões de Ted’s em Títulos Negociáveis, que estavam disseminados por todo o sistema financeiro de todo o mundo, de um momento para o outro ficaram com títulos sem valor nos seus activos sendo apelidados de Títulos Tóxicos. Os imóveis eram as garantias dos empréstimos, mas esses empréstimos foram feitos e baseados num preço que esses imóveis não valiam mais.
A farra do crédito fácil acabou, enfim. Os bancos pararam de emprestar por medo de não receber e os Ted`s tiveram de parar de consumir porque não tinham crédito.
E você leitor? Quantos Ted’s conhece?

(Publicado também no jornal ECOS, nº 85, de 21 de Maio de 2010 e no blogue O Economês Descomplicado )


"Como analisa as recentes medidas de austeridade aprovadas pelo Governo?"

por, Nuno Rato em 16/05/2010

Em primeiro lugar quero referir o seguinte:
Concorda com as recentes medidas de austeridade aprovadas pelo Governo? Não.
São medidas duras para a generalidade do país, para os portugueses? Sim.
Vai-lhe custar muito aceitar estas medidas, bem como dispor dos meus (cada vez mais escassos) rendimentos familiares? Claramente, SIM.
Concorda com a redução de 5% nos vencimentos dos políticos e gestores públicos? SIM, também acho que esta redução deveria ser mais ambiciosa, no mínimo 10 a 15%.
As recentes medidas de austeridade aprovadas pelo Governo são necessárias? Na actual conjuntura, temo que infelizmente sejam. Mas deve ter um carácter extraordinário e transitório e que todas as medidas devem ser supervisionadas em permanência por entidades independentes do Governo e sob a alçada da Assembleia da República. Porém continuo a achar que a redução do défice público deverá passar sobretudo por cortes na despesa, por parte do Estado e não no agravamento de impostos (sobretudo a taxa mínima do IVA que incidirá nos bens essenciais).
Dito isto, importa referir que para o PSD “a situação é de emergência nacional, e que eventuais sacrifícios que venham a ser pedidos aos Portugueses, que estes sejam distribuídos de forma justa e equilibrada, com o Estado a dar o exemplo”.
A razão fundamental por que o nosso país está nessa situação tem a ver com as estratégicas políticas erradas que foram seguidas, pelo menos na última década, pelos sucessivos governos do PS.
Aliás, nós há muito que temos vindo a alertar para esta situação. O PSD não é, certamente, responsável por este contexto de dificuldades. Se a arrogância do Governo Sócrates permitisse ter-nos ouvido e se o Estado já tivesse implementado, um conjunto de medidas por nós sugeridas, cerca de ano e meio atrás, estas medidas de austeridade pedidas ao POVO, àqueles que vivem honestamente do seu trabalho, hoje não fariam sentido.
Porém, esta situação de emergência nacional com que estamos confrontados faz com este não seja o momento para se assacar as responsabilidades ao PS e ao seu governo. Nesse sentido, o objectivo fundamental, no momento presente, é o combate ao défice público. Nesta altura, a nossa principal preocupação deve ser Portugal e os portugueses.
Citando um lema, existente desde a fundação do PSD, proferido por Sá Carneiro: “Para nós primeiro que o Partido está a DEMOCRACIA; e primeiro que a democracia está o PAÌS!”

Publicado na última edição do Jornal E

ANTES PRODER QUE TGV!


Montado Alentejano

Esta semana fomos brindados com mais uma concretização do governo PS que se traduz num aumento da despesa e da dívida pública, sem que traga qualquer criação de riqueza para o País, com a assinatura do contrato do TGV.
A esquerda uniu-se toda, numa demonstração do poder do Estado, em torno desta assinatura, concordando com ela, numa clara linha de aplicação das doutrinas socialistas, segundo as quais ao Estado compete ser o motor da economia, ao Estado compete gastar dinheiro em investimentos que não geram qualquer riqueza. Vimos o que aconteceu na ex-URSS e nos ex-países de leste com este tipo de gastos.
Ao contrário do que a esquerda afirma, o TGV não vai trazer nenhuma criação de riqueza para Portugal, uma vez que as empresas que ganharam o concurso vão trazer todo o material necessário do estrangeiro, caso contrário não será certificado como comboio de alta velocidade. Portanto, as linhas de caminho de ferro, as tábuas onde a mesma assenta e todo o material circulante, será todo importado.
Mas ficaram muito felizes e contentes, porque aprovaram uma medida que só implica despesa e endividamento externo de Portugal num investimento que não produz riqueza para Portugal, sendo certo que, os estudos de viabilidade económica do projecto são mais do que contestados.
O resultado não se fez esperar. Ainda esta semana, entre o rescaldo do título alcançado pelo Benfica e a visita do Santo Padre Bento XVI, o governo PS, pela calada, aproveita para aprovar, com o acordo do PSD, um brutal ataque aos Portugueses com o anúncio de aumento de impostos para que o governo PS continue a gastar o mesmo dinheiro, ou mais.
Agora vieram o PCP e o BE vociferar contra o aumento de impostos quando antes tinham ficado todos contentes com o TGV que implicava o endividamento do Estado Português para pagar um projecto que não produz qualquer tipo de riqueza para Portugal.
Todos sabemos que o projecto do TGV é um projecto puramente político de rentabilidade económica mais do que duvidosa. Mas não vou discutir a questão política do projecto, apenas a oportunidade do seu início numa altura em que Portugal precisa de projectos criadores de riqueza.
Não é compreensível, nem aceitável, nem justificável, que o governo PS afirme que não há dinheiro para fazer avançar o PRODER e depois esbanje milhões num TGV, isto é, não há dinheiro para promover a criação de riqueza nacional, mas já há para promover a criação de despesas.
É um raciocínio, no mínimo, hilariante, no que é seguido por toda a esquerda, com medo que a iniciativa privada tire os privilégios do Estado dominador.
Para mim, antes gastar dinheiro no PRODER, nem que seja através de endividamento externo, do que gastar no TGV, porque o primeiro é um investimento criador de riqueza capaz de inverter a situação de crise em que estamos, na medida em que se aposta em projectos que vão produzir produtos e bens alimentares que importamos todos os dias.
E, certamente que os mercados externos teriam outra reacção se assim fosse, porque Portugal mostrava que se endividava para criar riqueza nacional, que garantia o pagamento da dívida, promoveria o crescimento económico e, consequentemente, diminuía o peso da dívida pública no PIB, por aumento deste, bem como promoveria um equilíbrio do saldo da balança de transacções, na medida em que diminuiriam as importações.
Quantos de nós já pararam para pensar para verem quantos produtos produzidos em Portugal utilizam num dia. Muito poucos, para não dizer quase nada, porque até a alimentação é quase toda importada, porque nada se produz, fruto da política do Sr. Silva.
Através do financiamento do PRODER promovemos a criação de riqueza nacional na agricultura e na floresta, criamos postos de trabalho, geramos rendimentos que aumentam o PIB, ou seja, criamos crescimento económico, que faz baixar o peso de dívida pública externa e mostramos que somos capazes de responder à crise em que estamos.
Por outro lado, diminuímos as importações, o que significa que o dinheiro é gasto em Portugal e fica cá, não é exportado para pagar aos outros países.
Perante esta realidade o PS diz: não quero criar crescimento económico, quero criar despesa.
Perante esta realidade o CDS afirma invista-se em Portugal, diminuía-se a despesa do Estado.
Perante a realidade que vivemos antes investir no PRODER do que no TGV.
Se Sócrates não é capaz, Portugal é capaz!

Luís Assis

Publicado também no Diário do Sul, nº 11.211, de 19 de Maio de 2010

Évora Monte, Sede da Rede Europeia de Sítios da Paz

Torre Paço do Castelo de Évora Monte.

No próximo dia 28 de Maio (6ª feira), na Torre/Paço de Évora Monte, terá início o 3° ENCONTRO DA REDE EUROPEIA DE SÍTIOS DA PAZ, de acordo com o seguinte Programa:
- 11.00 horas - Escritura Pública da Associação “European Network of Places of Peace”
- 12.00 horas - Conferencia pelo Prof. Dr. Diogo Freitas do Amaral

Casa de Joaquim António Saramago onde em 26 de Maio de 1834 foi assinada a Convenção de Évora Monte que restabeleceu a Paz em Portugal.

O Encontro continua no dia 29 de Maio (sábado), dia dedicado às Comemorações dos 176 Anos da Convenção de Évora Monte, de acordo com o seguinte Programa:
- 10.00 horas - Percurso do Imaginário de Évora Monte (Parque de Estacionamento de Alpedríches)
- 11.00 horas - Inauguração da Sede da Associação “European Network of Places of Peace” na Casa da Convenção.
- 11,30 horas - Sessão Oficial das Comemorações (Torre/Paço de Évora Monte) com intervenções de:
  - António Ceia da Silva - Presidente da Turismo do Alentejo, E.H. T.
  - Dra. Aurora Carapinha -Directora Regional de Cultura do Alentejo
  - Prof. Dr. Diogo Freitas do Amaral

Postado por

Exposição de Formandos de Cantaria Artística do IEFP


Postado por

Posição do PS - Estremoz face à questão das águas em Estremoz.

Na sequência do post do nosso companheiro António Ramalho "ESTREMOZ - VAMOS METER ÁGUA" e visando dar um contributo para o debate do problema, transcrevemos com a devida vénia, a notícia, "MUNICÍPIO DE ESTREMOZ ABANDONA ÁGUAS DO CENTRO ALENTEJO", alojada no web site do Município. Cabe agora a vez de igualmente com a devida vénia, transcrever um comunicado que reflecte a posição da Secção de Estremoz do PS.


O PS-Estremoz vem por este meio manifestar a toda a população estremocense, o seu repúdio e a sua preocupação, perante a decisão do Executivo MIETZ do Sr. Luís Mourinha, de propor a rescisão unilateral do contrato entre o Município de Estremoz e as Águas do Centro Alentejo.

Após vários Quadros de Apoio Comunitário à resolução das questões do saneamento básico e da água, só em 2003, o Sr. Luís Mourinha e a CDU, decidiram integrar a AMAMB (Associação de Municípios do Alto Alentejo para o Ambiente), conjuntamente com outras Câmaras de executivos do Partido Comunista, de forma a ser efectuada uma candidatura conjunta para a resolução do, já então, grave problema do saneamento básico e da recolha, tratamento e distribuição da água. Recordamos que, ainda hoje, existem centenas de habitações no Concelho que não possuem ligação à rede de esgotos e que, a qualidade e quantidade da água para consumo público continuam a ser um grave problema para todos os estremocenses.

Em 2006, 3 anos após o Projecto AMAMB, o Executivo do PS, verificando que:
- a referida Candidatura estava manifestamente inoperante, pois nenhuma obra, projecto ou concurso estavam lançados;
- dos 308 municípios portugueses, cerca de 232 (entre os quais Concelhos nossos vizinhos como Portalegre, Évora, Redondo, Sousel, Monforte, Borba, Alandroal, etc….)tinham optado pela solução Águas de Portugal, empresa pública, na qual se integra as Águas do Centro Alentejo, decidiu propor a saída do Município de Estremoz da AMAMB e a consequente adesão às Águas do Centro Alentejo.

Esta decisão foi aprovada pela Assembleia Municipal, após a audiência, em Sessão do mesmo Órgão, do Sr. Presidente do Conselho Executivo da AMAMB e do Sr. Administrador Delegado das Águas do Centro Alentejo. Ambos apresentaram os projectos que defendiam e os Deputados Municipais puderam esclarecer todas as suas dúvidas através da inquirição pessoal e documental, deliberando assim de forma comprovadamente consciente e esclarecida, naquela que terá sido uma decisão histórica para o Concelho.

Neste momento, existem diversos Concursos Públicos lançados pelas Águas do Centro Alentejo, tendo em vista a realização do Projecto delineado para o nosso Concelho. Recordamos também que através de um investimento global de cerca de 11 milhões de euros, o Sistema para Estremoz, previa o aumento da capacidade de reserva de água, através da construção de diversos Depósitos de Água, nos quais se incluía, por exemplo, o Depósito de Água de São Bento do Cortiço, cuja obra deveria estar hoje numa fase bastante adiantada da sua execução. Previa também a construção de várias Estações de Tratamento de Águas bem como a substituição de dezenas de quilómetros de condutas. Estava também em fase de estudo e de projecto, a adesão ao Sistema de Distribuição de Água em baixa, também através do Grupo Águas do Centro Alentejo, resolvendo assim o flagelo das perdas de água na sua distribuição, em virtude do atraso de décadas de anos na sua substituição.

Após sete meses de gestão, com base num “especulativo”, e não provado aumento do preço da água, o Sr. Luís Mourinha vem propor a rescisão do Contrato com as Águas do Centro Alentejo.

O PS- Estremoz vem então alertar toda a população para uma decisão que entendemos como extremamente gravosa e irresponsável. Gravosa porque, o saneamento básico e o acesso em quantidade e qualidade à água pela população, constituem um DIREITO BÁSICO de todos os cidadãos do nosso pais. Gravosa porque, não existe, obviamente, capacidade financeira do Município para efectuar o investimento necessário, não só para a Captação e Tratamento de Água, como para a imprescindível substituição do Sistema de Distribuição, condições estas que o anterior Executivo do PS tinha então assegurado.

Face ao acima exposto, o PS –Estremoz conclui que, das duas uma:

- ou a Reforma do Sistema de Saneamento Básico e da Recolha, Tratamento e Distribuição da Água em Estremoz não acontecerá, contrariamente aos 232 municípios e os cerca e 8,5 milhões de portugueses, abrangidos pelo Grupo Águas de Portugal, empresa com capitais 100% públicos,
- ou a água em Estremoz vai, de facto, ser um “negócio” para um Grupo Privado…

Apelamos a toda a população para que tome consciência da gravidade da situação. O PS, como alternativa responsável, não deixará de denunciar aquilo que consideramos como um “atentado” ao desenvolvimento do Concelho e aos direitos de TODOS os estremocenses.

Apelamos ainda, e de um modo muito especial, aos Srs. Deputados Municipais, entre os quais englobo TODOS os Srs. Presidentes de Junta, para que coloquem, acima de tudo, os interesses da população estremocense na deliberação a ser tomada brevemente pela Assembleia Municipal. Porque, Estremoz merece, DE FACTO, muito mais e a nossa população assim o exige.

Estremoz, 19 de Maio de 2010,
Pela Secção Concelhia de Estremoz do Partido Socialista,
José Daniel Pena Sádio

Postado por:
Hernâni Matos