PERGUNTA PERTINENTE!



O PS emitiu um comunicado a propósito da rescisão do contrato com as Águas do Centro Alentejo, alegando que foi um erro, que se desperdiçaram 11 milhões de euros em investimentos nas infra-estruturas de saneamento e distribuição de água.
Conclui que é uma decisão desastrosa e que o futuro se encarregará de provar a irresponsabilidade da decisão tomada e que irá verificar-se a privatização da água no Concelho de Estremoz.
Mas, estranhamente, ou talvez não, nem uma palavra sobre o problema dos contratos, que são o fundamento e o ponto essencial da decisão tomada e da discussão que foi feita. Em nenhuma das reuniões, a de Câmara e a da Assembleia Municipal o PS defendeu a sua “dama”, afirmando no comunicado que não lhe foi dada a possibilidade de “efectuar o contraditório dos argumentos utilizados”.
Parece-me que nas referidas reuniões o PS poderia ter defendido a sua posição e apresentado os seus argumentos sobre a questão dos contratos. Foi-lhe dada, também, a possibilidade de o exercer aquando da entrevista com o Presidente da Câmara, num dos jornais do Concelho e podia tê-los apresentado no comunicado que emitiu.
Porém, não o fez, vindo agora afirmar que não lhe foi dada essa oportunidade!
Não acredito que na reunião de Câmara lhe tenham negado a possibilidade de apresentar a sua defesa, como também não acredito que na reunião da Assembleia Municipal lha tenham negado, tal como não acredito que o jornal não lhe tenha dado essa possibilidade e não consta que o comunicado que emitiu tenha sido truncado.
A questão que levou à rescisão dos contratos com as Águas do Centro Alentejo, foi o facto de o actual executivo camarário considerar que um dos contratos celebrados o foi sem ser acompanhado da necessária autorização da Assembleia Municipal para a passagem das infra-estruturas de saneamento e distribuição de água para o domínio privado da Câmara, para que esta as pudesse arrendar.
Até hoje o PS ainda não explicou como é que arrendava uma infra-estrutura às Águas do Centro Alentejo sem a necessária autorização da Assembleia Municipal para que o pudesse fazer, escudando-se que não lhe deram oportunidade de o fazer.
Como é que o PS pretendia fazer um investimento nas infra-estruturas com base num contrato para o qual não tinha poderes para celebrar?
Para o PS o contrato de arrendamento das infra-estruturas que celebrou é válido apesar da Assembleia Municipal ter rejeitado a sua proposta da passagem destas do domínio público para o privado?
Até agora não explicou.
E não venham com o argumento que defendo o actual executivo, por que o que defendo é o direito dos Estremocenses em saber porque é que o PS ainda não apresentou os seus argumentos, atenta a sua posição contra a saída das Águas do Centro Alentejo e face ao argumento apresentado pelo actual executivo, refugiando-se sempre no argumento dos 11 milhões de euros de investimento.
É pertinente que o PS explique aos Estremocenses porque assinou tal contrato e como é que resolveria o problema do chumbo da autorização que pedira à Assembleia Municipal.
A pergunta fica feita!


Luís Assis



(Des)Acordo Ortográfico


São cada vez em maior número os órgãos da imprensa escrita que adoptaram (eles escreveriam "adotaram") uma forma de escrever que tem menos a ver com a língua que falamos do que devia. O país, como aliás é seu hábito, está mais uma vez dividido entre os acham bem avançar para a implementação do, inadequadamente denominado, Acordo Ortográfico; e aqueles que até ameaçam deixar de comprar os jornais que o adoptem (adotem).
No primeiro grupo incluem-se os idiotas do costume que pensam que não implementar o acordo é coisa de velhos do Restelo, ou seja, daqueles que estão sempre contra qualquer mudança. Ainda neste primeiro grupo está também incluído outro subgrupo, seguramente não menos idiota que o anterior, que pensa que o acordo ortográfico vai alargar o nosso mercado linguístico de 10 para quase 300 milhões de falantes do português (como se ele alguma vez tivesse estado fechado ou se o acordo viesse alterar alguma coisa neste domínio). Finalmente, existe ainda um outro subgrupo tão idiota como os anteriores que tem uma particularidade assaz interessante: acha-se espertinho, pensa que pôs um ovo em pé ao descobrir a fórmula mágica da dupla grafia (como se não fosse mais sensato reconhecer à partida que o português tem variantes regionais e, como tal, que não havia qualquer necessidade de impor a ninguém fórmulas ortográficas que em nada vêm alterar esta realidade).
Como é evidente, do lado dos anti-Acordo também existem idiotas (para além de parvalhões e ignorantes). Para eles a língua portuguesa (que, aliás, a maioria domina mal) era perfeita. Isto apesar de "sede" tanto poder significar carência de água (sê-de) como lugar onde se reúne a direcção (sé-de); de "cor" tanto poder ser a forma como se declamam versos (cór) como a coloração dos olhos (côr); de as palavras terminadas em "oz" tanto poderem ser lidas com o "o" aberto (noz, foz, etc.) como com o "o" fechado (como Estremoz ou arroz). Enfim, fico por aqui, que diabo de lógica tem esta língua que não tem regras claramente definidas de forma (esta também pode ser lida "fór-ma" ou "fôr-ma") a impedir confusões? Depois admiram-se que os nossos miúdos tenham dificuldades em Português ou que os estrangeiros se queixem que este é dos idiomas mais difíceis de aprender. Como podia ser de outra forma? Esta língua apresenta falhas gritantes na sua lógica construtiva, tem demasiadas zonas de sombra para além do aceitável.
Por outro lado, o acordo ortográfico tem uma expressão reduzida (se bem que importante e correspondente a uma cedência aos brasileiros) no nosso quotidiano. Este artigo tem cerca de 500 palavras e apenas duas são alteradas pelo acordo (os casos mais gritantes antes assinalados vão continuar com a mesma a indefinição que já tinham até aqui). Valia a pena tanta confusão? Não! (De qualquer modo, sou contra a supressão das consoantes mudas sempre que elas abram as vogais.)
Nota:
As imagens foram colhidas nos sítios para os quais apontam as respectivas hiperligações;
Publicado no na edição de 22Jul2010 do Jornal Brados do Alentejo;
Também publicado em ad valorem.

A aprendizagem social dos prevaricadores


De alguns anos a esta parte que a Câmara Municipal de Estremoz, através da acção do seu Pelouro do Ambiente e Serviços Urbanos, tem adoptado medidas ajustadas à Gestão de Resíduos e à Higiene e Limpeza. A propósito disso, o web site do Município informa-nos que com vista à recolha de resíduos sólidos urbanos, a Câmara Municipal dispõe do seguinte equipamento: - 2 viaturas de recolha de lixo; - 1 varredora mecânica; - 1 camião de recolha do lixo grosso; - cerca de 850 contentores do lixo; - cerca de 50 Ecopontos (28 na cidade e 32 nas freguesias). Não sabemos se estes dados estão actualizados, mas isso é irrelevante para o assunto que nos propusemos abordar na presente coluna.
Como é sabido, os recursos naturais são finitos, pelo que desde há muito que o mundo civilizado se preocupa com a possibilidade do seu esgotamento. Daí que a nível global se tenham adoptado estratégias visando a poupança desses recursos. Ora todos nós produzimos resíduos sólidos diariamente, os quais podem vir a ser reutilizados como matérias-primas no fabrico de mercadorias que nos são indispensáveis no dia a dia. Como tal, o Município de Estremoz, à semelhança dos restantes, implementou um sistema de Ecopontos, estrategicamente distribuídos pela cidade e pelas freguesias rurais.
Cada Ecoponto é constituído por três contentores individuais, destinados a receber separadamente diversos materiais e cada um deles está identificado pela correspondente cor: VERDE (vidro), AMARELO (metal e plástico), AZUL (papel e cartão). Nalguns Ecopontos estão ainda adaptadas estruturas destinadas à recolha de pilhas e/ou óleo.
O que cada um de nós tem que fazer é, simplesmente, separar os materiais em casa, levá-los ao Ecoponto mais próximo e depositá-los no correspondente contentor. Ao fazê-lo, está a dar um importante contributo para a reciclagem ou seja para a transformação de materiais usados, que já cumpriram a sua função, em novos materiais que a hão de vir a cumprir. A nossa atitude é, assim, uma atitude cívica que visa não só a poupança de recursos naturais, como contribui igualmente para a redução da poluição associada aos processos produtivos.
Folhetos informativos distribuídos oportunamente pelo Município de Estremoz, dão-nos uma medida dessa poupança. Assim, a deposição no Ecoponto de:
- 2 jornais por semana, durante um ano, evita o abate de uma árvore;
- 1 pacote de latas por semana, durante um ano, permite a poupança de 50 Kg de minério;
- 47 garrafas de plástico de 1,5 litros, são suficientes para assegurar o enchimento de um saco-cama;
- garrafas de vidro usadas poderão ser transformadas noutras tantas, novinhas em folha.
A consciência destes factos é simultaneamente a consciência do poder positivo que cada um de nós dispõe e que lhe permite contribuir para a poupança dos recursos naturais e para a redução da poluição.
Proceder de maneira contrária é dispor de poder negativo através de práticas que conduzem ao esbanjamento dos recursos naturais e ao aumento da poluição. E há quem o faça e deite nos contentores de lixo, embalagens de plástico, de vidro, de metal e de cartão, quando a 50 metros do local, têm Ecopontos. Tais comportamentos são triplamente faltosos:
- Falta de consciência cívica do papel individual que cabe a cada um de nós na reciclagem;
- Falta de respeito por quem exerce as adequadas práticas de reciclagem;
- Falta de auto-estima, pelo mau exemplo dado, em especial em relação às crianças, que desde o primeiro ciclo são educadas na reciclagem.
Há um ditado antigo que diz: “Presunção e água benta, cada um toma a que quer”. Vem isto a propósito dos presunçosos, bastante presunçosos até, que teimam em não reciclar, porque acham que “não são empregados de ninguém” ou então porque “não estão para trabalhar para a Câmara”. São casos de santa estupidez ou de olímpica indiferença ao bem comum. Porém, nada que uma fiscalização camarária mais apertada e algumas coimas pedagógicas não possam resolver. Assim se poderá vir a processar a aprendizagem social dos prevaricadores.
Publicado também no nº 89 (15-7-2010) do Jornal ECOS