I Centenário do Nascimento de Maria de Santa Isabel

Maria de Santa Isabel (1910 - 1992)

Hoje, dia 16 de Abril de 2010, tem lugar o I Centenário do Nascimento de Maria Palmira Osório de Castro Sande Meneses e Vasconcellos Alcaide (16/04/1910 - 13/01/1992), grande poetisa estremocense, conhecida por Maria de Santa Isabel. Casada com Roberto Augusto Carmelo Alcaide (9/8/1903 -27/7/1979), dramaturgo e caricaturista, irmão de Tomaz de Aquino Carmelo Alcaide (16/02/1901- 9/11/1967), tenor lírico de projecção internacional.

   
          Roberto Alcaide (1903-1979)                        Tomaz Alcaide (1901-1967)  
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A bibliografia poética que conheço e tenho de Maria de Santa Isabel é:

- FLOR DE ESTEVA, Portugália Editora, Lisboa, 1948.
- TERRA ARDENTE, Tipografia da Empresa Nacional de Publicidade, Lisboa, 1961.
- SOLIDÃO MAIOR, Coimbra Editora, Coimbra.
- FRONTEIRA DE BRUMA, 1997. Edição póstuma.





Nascido em 1946, tive o privilégio de conhecer em vida esta grande Senhora, que morava na Horta Primeira, na rua da Levada, em Estremoz.
Como ex-librista, não quero deixar de reproduzir aqui o seu ex-líbris, que tal como os seus livros de poemas, me foram há anos oferecidos, pela sua sobrinha, Isabel Taborda Oliveira, ex-vereadora do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Estremoz.
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E porque a loiça de barro vermelho de Estremoz está em extinção – Jerónimo Lagartinho é o último oleiro de Estremoz - faz sentido reproduzir aqui do seu livro “Flor de Esteva”, o soneto “Pucarinhos de barro”.

PUCARINHOS DE BARRO

Pucarinhos de barro, quem me dera
Sentir, na minha boca, essa frescura
Da vossa água perfumada e pura,
Que me trás o sabor da primavera!

Quanta boca ansiosa vos procura,
Num símbolo de crença e de quiméra:
Simples imagem viva, bem sincera,
Dum mundo de ilusões e de ternura!

Meus santos pucarinhos, milagrosos,
Cumprindo as gratas obras do Senhor,
Dando a beber aos lábios sequiosos:

Minha boca vos beija com fervor,
Como se, noutros tempos luminosos,
Beijasse ainda o meu primeiro amor!

Maria de Santa Isabel

Na passagem do I Centenário da Poetisa, lançamos daqui à autarquia, a sugestão de a homenagear, pois foi uma figura cimeira da cultura alentejana.
 
Hernâni Matos

Ao Cidadão de Estremoz – José Palmeiro Costa

( Texto publicado no Jornal Brados do Alenejo - 22Julho2007)
Conheci o José Palmeiro da Costa em 1976, quando ele, no âmbito do seu intenso trabalho político, visitava a casa do meu pai. Viviam-se tempos difíceis, próprios da nossa jovem democracia e, apesar de não ter uma consciência política totalmente formada, a figura do “Zé Costa” marcou-me profundamente. Vi nele, algumas das qualidades que ainda hoje mantém: É um homem simples, frontal e extremamente leal.
Na altura o “Zé Costa” já era um dos principais rostos do Partido Socialista na organização da listas de Estremoz e seria decerto, como o foi durante muitos anos, o mais destacado financiador das campanhas dos socialistas. Foi ele quem “carregou o PS às costas” durante mais de duas décadas e foi ele, ainda que indirectamente, quem mais contribui para a projecção de alguns dos actuais quadros políticos do PS. Tenho a certeza que se a saúde o permitisse, ainda hoje estaria disponível para o trabalho político.

Militante do PS desde 1974, destacado dirigente local e distrital, haveria de chegar a Presidente da Câmara Municipal de Estremoz. Pode questionar-se esta ou aquela decisão, mas a verdade é que ele sempre demonstrou total desapego ao poder e deu o melhor de si mesmo na defesa de Estremoz.
Para trás ficam anos e anos de militância e combate político, marcados pelo “amor ao seu PS”, mas sempre com respeito pelos adversários e com transparência e fidelidade perante a sua casa mãe. Com justiça, ainda hoje é Presidente Honorário da Federação Distrital do PS e o seu trabalho em prol dos outros, continua a ser reconhecido. Mário Soares, pergunta frequentemente por ele e quando têm oportunidade de se encontrar, trata-o respeitosamente por “o homem da gravata”. É que o “Zé Costa” usa em todos os actos de natureza política, uma gravata grená recheada de símbolos do PS a amarelo.
Em 2005 preparei-lhe uma singela homenagem, com o objectivo de relembrar os 30 anos de militância política, mas também e sobretudo pelo exemplo de altruísmo, coerência e verticalidade, que constitui a sua vida.
O José Costa é um homem grande. Grande na altura e igualmente grande na dimensão humana. Os clubes desportivos, as colectividades culturais, as instituições sociais e as famílias mais carenciadas de Estremoz conhecem-no muito bem. Sabem que o “Zézica” como carinhosamente o trata a Senhora sua esposa D. Maria Amélia Palmeiro Costa, foi fundador, dirigente e patrocinador de muitas das actividades dessas associações. Sabem que José Costa está ligado indelevelmente à história do Clube de Futebol de Estremoz. Sabem igualmente da sua importância para a Associação de Bombeiros Voluntários de Estremoz e provavelmente poucos saberão que “ele” também está ligado ao inicio da Delegação de Estremoz da Cruz Vermelha e ao Orfeão Tomás Alcaide.Por tudo isto, o cidadão José Palmeiro da Costa é um exemplo de como se deve estar na política e constitui indubitavelmente um orgulho para a cidade e para todo o Concelho de Estremoz.

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MORREU O JOSÉ COSTA


Ex-Presidente da Câmara Municipal de Estremoz, destacado membro do Partido Socialista, reconhecido pelas suas qualidades humanas, muito em especial a generosidade para com o próximo sem esperar nada em troca, o que o levou ao longo da vida a apoiar entidades, associações, clubes e simples cidadãos.
Morreu um Homem Bom, por isso a Cidade ficou mais pobre e está de luto.
À Família enlutada, muito em especial a sua esposa, D. Maria Amélia Palmeiro Costa, endereçamos em nome de ESTREMOZ NET, as nossas mais sentidas condolências.



JOSÉ GOMES PALMEIRO DA COSTA
 (Galeria dos Presidentes de Câmara 1910-2008)
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José Gomes Palmeiro da Costa, filho de Acácio José Palmeiro da Costa e de Gabriela Gomes Palmeiro da Costa, nasceu na freguesia de Santo André, concelho de Estremoz, a 12 de Junho de 1922.
Em 1929, inicia a sua formação primária, em Estremoz na escola particular do Sr. Robalo. Quatro anos mais tarde, em 1933, frequenta os três primeiros anos do liceu no Colégio particular de Rafael Grincho. Em 1936, ingressa no Liceu Camões, em Lisboa onde frequenta o 4º, 5º e 6º anos. Irá completar o 7º ano no Liceu Rodrigues Sampaio, no Porto onde fará as provas de aptidão à Faculdade. Terminada a formação liceal, frequentará diversas cadeiras do curso preparatório de Engenharia Civil, Mecânica e Electrónica no Porto, em Lisboa e, em Coimbra. Nesta cidade permanecerá dois anos onde desenvolveu uma intensa actividade enquanto membro responsável pelo pelouro da Associação Académica de Coimbra.
Nos finais dos anos 40, regressa a Estremoz, altura em que é chamado a cumprir o serviço militar no Regimento de Cavalaria nº 3. Ainda no cumprimento do serviço militar foi responsável pela carreira de tiro do regimento, quando das suas deslocações a Évora para efeitos de treino. Em 19 de Junho de 1953, ingressa na Câmara Municipal de Estremoz como Gerente dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento tomando posse a 6 de Julho de 1953. Passa a Chefe dos Serviços Administrativos a 19 de Fevereiro de 1959, com base no parecer da Direcção Geral da Administração Política e Civil de 8 de Maio de 1957. Mantém-se neste cargo até 30 de Abril de 1977. Durante a presidência de Câmara de Luís Pascoal Rosado colabora, enquanto membro fundador do Círculo Cultural de Estremoz e do Grupo dos Amigos de Estremoz a cuja primeira direcção pertenceu. Já nos finais da década de sessenta e princípios da década seguinte, desempenhará funções de Vice-presidente e Presidente do Clube de Futebol de Estremoz, respectivamente. Ainda nos anos sessenta, participa na Comissão Organizadora do Cortejo do Trabalho que decorreu em Estremoz. Em Janeiro de 1974, funda a Secção Concelhia do Partido Socialista, em Estremoz, onde se mantém cerca de 20 anos como Secretário Coordenador. Entre 1 de Maio de 1977 e 2 de Agosto de 1987 interrompe as suas funções de Chefe dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento para dirigir a Farmácia Costa. Regressa ao exercício das suas funções a 3 de Agosto de 1987. Requer a exoneração do cargo dois anos mais tarde, a 9 de Outubro de 1989. Em 3 de Abril de 1985 casa com Maria Amélia Duarte Fernandes Palmeiro da Costa, em Estremoz. Entre 20 de Fevereiro de 1990 e 31 de Maio de 1992 assume as funções de Vereador em regime de permanência na Câmara Municipal de Estremoz. Em 17 de Novembro desse mesmo ano, em virtude da aposentação do então Presidente da Câmara, António João Véstia da Silva, assume a presidência da Câmara na qualidade de número dois da lista.
Em 12 de Dezembro de 1993, candidata-se como cabeça de lista pelo PS à Câmara Municipal de Estremoz, perdendo, no entanto as eleições para o independente, cabeça de lista pela CDU, José Dias Sena. Mantém-se como vereador sem pelouro durante todo o mandato. Ainda em 1993, desempenha as funções de presidente da Assembleia Geral do CFE. Membro da direcção da Federação Distrital de Évora do Partido Socialista, foi nomeado seu presidente honorário por proposta de José Alberto Fateixa.
A nível local destacou-se enquanto: sócio nº um do Núcleo da Liga dos Combatentes da Grande Guerra, Sócio e membro directivo do Orfeão Tomás Alcaide, Sócio nº um do Asilo entre muitas outras instituições ligadas ao associativismo local.

Já nas bancas

O Pombal dos Jardins Suspensos da Babilónia

Fotografia do jornal "BRADOS DO ALENTEJO" nº 729 - Janeiro de 2010

Ao estudar a Mesopotâmia, os estudantes de História tomam conhecimento que ao sul daquela região, no séc. VI a.C., o rei Nabucodonosor II, mandou construir os chamados  "Jardins Suspensos da Babilónia" , em homenagem à mulher Amitis, saudosa das montanhas do lugar onde nascera. E tal era a grandiosidade desses jardins que foram consideradas uma das sete maravilhas do mundo antigo, pelo poeta grego Antípatro de Sídoni (~190 - 140 a. C.).  
Na nossa cidade, também temos alguns jardins suspensos, não são da Babilónia, mas são de Estremoz, são muito nossos.
Alguns desses jardins são fruto do desmazelo e irresponsabilidade dos proprietários e da incúria de quem há muito devia ter agido e não o fez.
O caso mais gritante, que não o único, é o do telhado do edifício da antiga firma Luís de Sousa Duarte Campos, que depois de ter sido expurgado pelo proprietário do seu rico recheio azulejar, que há muito devia ter sido considerado património municipal, se transformou num pombal gigante, donde partem pombos da cidade [1], à conquista de comida e mais território, conspurcando telhados e varandas com fezes e, causando incómodos de ordem sanitária e higiénica.
As fezes, de natureza ácida corroem metais, descoram pedras, apodrecem madeira, danificam superfícies e as penas sós ou conjuntamente com as fezes entopem caleiras e ralos. Se são diminutos os riscos de saúde pública, o mesmo não se poderá dizer da “saúde” dos telhados habitados pelos pombos da cidade, que não pediram para ser adubados e vêem a sua capacidade de escoamento diminuída.
Nada tenho contra os pombos-correios, que são atletas de competição, devidamente alimentados e tratados pelos seus proprietários, que têm os seus próprios pombais, sendo a columbofilia uma actividade desportiva devidamente regulamentada por lei.
Os pombais dos columbófilos são frequentemente limpos e desinfectados com produtos químicos, pois os pombos-correios quando não há largada, estão fechados no pombal, aí deixando os excrementos. A vagabundagem nos telhados ou nos campos é contrária à prática columbófila uma vez que os pombos-correios podem contrair doenças ou ser mesmo envenenados. Portanto, os pombos-correios não nos causam problemas.
O mesmo não se poderá dizer dos pombos da cidade, desalojados maioritariamente da Torre dos Congregados e do Edifício da Câmara Municipal e que se acoitaram nos edifícios com telhados abatidos e janelas partidas, como é o caso, entre outros, dos edifícios da antiga firma Luís de Sousa Duarte Campos, do CDCR, do Círculo Estremocense e do Palace Hotel.
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E o que têm feito as Câmaras? Que responda quem souber…
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E o que poderá fazer o actual  Executivo Municipal ?
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A meu ver o seguinte:
1  –  Fazer um levantamento exacto da situação;
2 – Intimidar pelos meios legais, os proprietários de edifícios degradados onde se acoitam os pombos da cidade, para que por medidas sanitárias e higiénicas, entaipem os buracos dos respectivos edifícios, para obrigar os pombos a regredir para os campos;
3 – Assumir a Câmara essa tarefa, no caso dos proprietários não responderam à intimidação, cobrando-lhes coercivamente essas despesas “à posteriori”;
4 – Dissuadir a população de dar de comer aos pombos da cidade, o que para alguns, como os frequentadores do quiosque frente à Câmara, é um passatempo;
5 – Distribuir aos pombos da cidade comida tratada quimicamente, que sem os matar, impeça a sua procriação, fazendo-os regredir em número. Assim procedeu com êxito a Câmara Municipal de Lisboa.
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Julgamos que pedir isto à Câmara, não é pedir demais. E pedimos com bons modos e civilidade. É um direito cívico que nos assiste. Assim como igualmente uma resposta ao que aqui é pedido, a qual estamos crentes não ficará para as calendas gregas, antes nos será dada em tempo útil.

Hernâni Matos

[1] – O chamado “pombo da cidade” é uma ave distinta do “pombo-correio” e do “pombo-bravo”.

"Sons do Vagar" no Centro Cultural


Na Sala de Exposições Temporárias do Centro Cultural Dr. Marques Crespo terá lugar amanhã, sábado, dia 17 de Abril, a partir das 16 horas, um concerto pelo grupo de Música Tradicional Portuguesa “Sons do Vagar”. A actuação insere-se no âmbito da mostra “Para uma Memória de Michel Giacometti” e é antecedida de uma visita guiada à Exposição, comentada pela Comissária, Drª Conceição Correia.
Segundo informação disponibilizada pelo grupo:
“Sons do Vagar resultam de uma visita à memória vocal e instrumental do Alentejo.
Despertos pelas memórias de um passado que transporta as suas sonoridades, os Sons do Vagar procuram, numa lógica própria do seu tempo, reinterpretar e transportar para o presente estas práticas musicais.
Sons do Vagar juntam um instrumentista e duas vozes femininas que dão corpo a uma ideia que pretende ser uma singela manifestação de apreço e reconhecimento da nossa identidade musical.
Do “peditório” à “alvorada” o tamborileiro anunciava a festa, e as vozes das mulheres despertavam nos primeiros cantos ao S. João ou ao Menino Jesus, para mais tarde nas noites de Quaresma gritarem as lamentações religioso-pagãs da Semana Santa. Com a Primavera, à porta do “monte” ou no terreiro da aldeia, entoava-se a viola acompanhando as vozes na descrição da paisagem e amores anunciados...”
O elenco artístico de “Sons do Vagar” é o seguinte: Isabel Bilou (Voz), Susana Bilou Russo (Voz e Percussões) e Gil Salgueiro Nave (Tamboril, Viola Campaniça, Flauta de Pastor e Concertina).
“Sons do Vagar” é também o título genérico do seu primeiro trabalho em CD, datado de Abril de 2007. Das suas actuações, destacam-se as seguintes: Em Espanha na cidade de Valência, IV Festival Islâmico de Mértola, Dia dos Museus em Évora, Lisboa no Pavilhão de Portugal inserido no Programa “Polis Viver as Cidades”, “Raízes do Som” - Encontro de Música e Tradição de Évora, Don Benito (Espanha), Encontro “Três Culturas” em Idanha-a-Nova e Mértola, Entrudanças, participação no lançamento do CD dos Cantares de Évora, Festival “Noites na Nora” em Serpa, Feira do Livro de Évora e Festival Terras do Xisto no Fundão.

Hernâni Matos

O problema das obras na Praça de Touros de Estremoz

A actual Praça de Touros de Estremoz foi inaugurada a 3 de Setembro de 1904, após reconstrução da primitiva Praça de Touros de Santa Catarina, que inaugurada a 25 de Julho de 1878, acabaria em ruínas e no abandono.

PRAÇA DE TOUROS DE ESTREMOZ - 1ª década do século XX (Cliché M. & R.)

PRAÇA DE TOUROS DE ESTREMOZ - 1ª década do século XX (Cliché E. Vieira).

106 anos depois dessa ressurreição, o estado de ruínas e de abandono repete-se. Como se as tragédias tivessem que se repetir ciclicamente. Mas não, o que se repete é a incúria de uns e a indiferença de outros.
Por isso, porque o candidato do PSD à Câmara Municipal de Estremoz, incluiu a Praça de Touros no seu Programa de Candidatura e porque no Facebook, surgiu o grupo Quero a Praça de Toiros de Estremoz arranjada, JÁ!, achei oportuno produzir uma reflexão em torno do tema.
A tendência actual é transformar as Praças de Touros em Fóruns cobertos, polivalentes, onde a realização de espectáculos diversificados, atrai múltiplos públicos: os aficionados da festa brava, os melómanos que ali podem apreciar concertos e ópera, os apreciadores de ballet, o pessoal da pesada que ali pode curtir o rock de que gosta, os amantes do circo, os amantes do fado, aqueles que gostam de música pimba, de festivais gímnicos ou de sessões de luta.
São diferentes modos de divertimento, correspondentes a diferentes maneiras de estar na vida, que são igualmente respeitáveis num estado democrático.
Só diferentes públicos podem assegurar a continuidade e sustentabilidade da exploração dum espaço deste tipo.
O problema que se põe é que a Praça de Touros de Estremoz é propriedade do Centro de Bem-Estar Social (Asilo), que tal como o(s) empresário(s) tem arrecadado receitas ao longo dos anos e nunca disponibilizou verba alguma para a respectiva manutenção. O estado de conservação da Praça atingiu a dada altura o estado de ruptura, o que conduziu à interdição da sua utilização em qualquer tipo de espectáculos. Numa analogia agrícola, foi como se alguém tivesse praticado agricultura intensiva, com a preocupação única de colher, não ligando àquilo que pudesse acontecer à terra.
Julgo serem evidentes várias coisas:
- O carácter emblemático que a Praça de Touros de Estremoz tem para os estremocenses;
- Não resolve estar a “bater no ceguinho” e zurzir culpas e responsabilidades a A ou B;
- A reconstrução da Praça é uma tarefa que deve unir os estremocenses e não dividi-los ainda mais;
- É suposto que o Centro de Bem-Estar Social (Asilo) não tem capacidade financeira para fazer obras;
- Só quem poderá ter capacidade financeira para o fazer é o Governo ou a Autarquia.
Eu tenho a minha opinião. E ela é que devia competir ao Governo esse financiamento, financiamento minúsculo quando comparado com os financiamentos faraónicos dos estádios de futebol para o Euro 2004, alguns dos quais estão às moscas, revelando que a tentação eleitoralista do cimento ocultou a falta de sustentabilidade dos projectos de exploração.
A Autarquia também poderá e deverá ter uma palavra a dizer. Contudo não poderá deixar de considerar o problema da reconstrução da Praça de Touros, conjuntamente com outros que a preocupam e não poderá deixar de definir prioridades, para bem de todos nós. E até se poderá dar o caso de a reconstrução não ser prioritária. Mas se o for, terá ainda de ver como assegurar o financiamento para o projecto e para as obras, para não falar já das contrapartidas que deve assegurar em termos de exploração futura.
Talvez possa ser uma hipótese meramente académica, mas talvez o Centro de Bem-Estar Social (Asilo), apesar de não ter capacidade financeira para fazer obras, possa ter capacidade, através do dinamismo dos seus dirigentes, para apresentar uma candidatura de financiamento a esses fundos que por aí andam e às vezes até voltam para trás, sem que ninguém os tenha utilizado.
Seja qual for a solução, tem que haver uma. O que me leva a dizer:

- MÃOS À OBRA!

Hernâni Matos
(Amante de festa brava, circo, luta, festivais gímnicos, ballet, concertos, ópera, fado, rock, música pimba e tudo!)

Quero a Praça de Toiros de Estremoz arranjada, JÁ!

Há séculos que a Tauromaquia está profundamente arreigada entre nós, fazendo parte integrante dos traços de identidade cultural da maioria dos portugueses.
A Tauromaquia, como uma das mais antigas tradições portuguesas, foi defendida e valorizada pelo actual Governo, através da institucionalização de uma Secção de Tauromaquia, no âmbito do Conselho Nacional da Cultura .
No Facebook surgiu recentemente o grupo Quero a Praça de Toiros de Estremoz arranjada, JÁ! A minha identificação com este grupo foi imediata, uma vez que gostar de touradas, é em mim, um acto cultural. Quando era miúdo, o meu avô materno, que era um homem do povo, levava-me às touradas e eu aprendi a gostar.
Não admira pois que eu procure encontrar uma solução para o problema. E ela é bem simples. Baseia-se no facto de o actual Governo ter disponibilizado milhões de euros para construir e fazer obras nos estádios de futebol utilizados no EURO 2004, alguns dos quais estão hoje às moscas.
Estou crente, que a exiguidade do custo das obras, quando comparadas com as do EURO 2004, fará com que o Governo assuma a fundo perdido, o custo das obras de reparação da Praça de Toiros de Estremoz. De resto, o Governo , como Governo sério que é, não pode ter dois pesos e duas medidas. Uma para o Desporto e outra para a Cultura.

Hernâni Matos
Fotografias recolhidas no Facebook

FIAPE 2010 – Mensagem do Presidente

Entre 28 de Abril e 2 de Maio, o Parque de Feiras e Exposições recebe a XXIV edição da FIAPE, em paralelo com a realização da XXVIII edição da Feira de Artesanato de Estremoz. Ambos os certames constituem um dos principais eventos de promoção económica do Concelho de Estremoz e do Alentejo, tendo vindo, ao longo dos anos, a conquistar o seu espaço no calendário regional e nacional das feiras de actividades económicas.
Este lugar de referência foi atingido tanto pela qualidade, como pela quantidade das exposições presentes e ainda pela excelência da diversificada oferta em termos de animação cultural e espectáculos. Com efeito, os milhares de visitantes que habitualmente nos honram com a sua presença, já sabem que aqui encontrarão uma série de produtos de qualidade, que correspondem àquilo que de melhor se produz na nossa região.
No presente ano, a FIAPE conta com a participação de cerca de 150 expositores, representantes dos mais variados sectores de actividade económica (comércio, serviços, produtos regionais, ramo automóvel, maquinaria agrícola e gastronomia), para além da representação das principais raças de ovinos, bovinos, caprinos e equinos na componente pecuária. Ao mesmo tempo, a Feira de Artesanato contará com cerca de 80 artesãos e 20 participantes na área das artes decorativas, com representações de norte a sul do país e com a realização de trabalho ao vivo, nos mais diversos materiais.
Este ano destacamos ainda a qualidade dos espectáculos que, diariamente, animarão a nossa feira: o Dia de Estremoz será dedicado à dança, desde o folclore à contemporânea, numa apresentação daquilo que o nosso Concelho de melhor tem para oferecer nesta área. Nos restantes dias, apostámos em artistas que, para além de possuírem provas dadas no panorama musical português, têm ainda a particularidade de constituir uma novidade: Rita Guerra, David Fonseca e Projecto Amália Hoje, para além da digressão nacional da Idolomania, na sequência do estrondoso sucesso do programa Ídolos da SIC.
Julgamos estarem reunidos os ingredientes para uma FIAPE de sucesso. Aproveite, por isso, o início dos dias mais quentes e mais longos para se deslocar a Estremoz e, se tiver oportunidade, visite também o vasto património histórico, arquitectónico, gastronómico e paisagístico que o nosso Concelho tem para oferecer.
A todos quantos nos visitam e aos expositores participantes desejamos boas vindas, votos de uma óptima estadia e de bons negócios.

Presidente da Câmara

Transcrito com a devida vénia do Website da Câmara Municipal de Estremoz e postado por Hernâni Matos

"Estremoz" a 25%

Depois de ter visionado a RTP Memória em que ouvi uma alusão a uma locomotiva denominada “Estremoz”, a minha curiosidade ficou espicaçada pelo meu (pouco racional, mas real) bairrismo. Vai daí escrevi para a CP a tentar obter mais dados sobre a referida locomotiva. A resposta que obtive foi a seguinte:
“A locomotiva que refere é a 02049 que estava à data do documentário na secção museológica de Nine. Este dado terá de ser confirmado junto da Fundação do Museu Nacional Ferroviário, com sede no Entroncamento.
A locomotiva 02049 não é a primeira locomotiva em Portugal, mas sim a locomotiva mais antiga existente em Portugal. A locomotiva em questão, foi adquirida após a inauguração e não se encontra no estado original. Quanto às locomotivas da inauguração em 1856 nenhuma sobreviveu.
Por outro lado, nada garante que aquela em particular seja a que em 1857 teve o nome ESTREMOZ, pois fazia parte de uma série de 4 unidades iguais (denominadas ALEMQUER, ESTREMOZ, LEIRIA e VILLA FRANCA). Sabe-se que aquela locomotiva, quando foi vendida pela CP para o Minho e Douro recebeu o nome ESTE, alusivo ao Rio Este, e alguém se lembrou de fazer uma associação que tal teria a ver com anteriormente chamar-se ESTREMOZ. No entanto, tal opinião não é suportada por nenhuma evidência histórica, tanto mais que na época da venda ao MD a locomotiva há muito que já não tinha o nome original.
Os fundamentos do nome, derivam simplesmente do facto de ser habitual naquela época identificar as locomotivas por nomes e não por números como viria a ser o caso poucos anos depois. Esses nomes eram escolhidos de cidades, rios, personagens ilustres, etc. No caso português, adoptaram-se nomes de cidades e vilas importantes na época (para além das já mencionadas, outras locomotivas da mesma época foram designadas LISBOA, PORTO, AZAMBUJA, SANTARÉM, ELVAS, MADRID e CAMÕES).
Não houve qualquer padrinho ou madrinha na atribuição do nome. Era um acto puramente administrativo e técnico para permitir identificar os veículos”.
Alguns dias mais tarde solicitei também à Associação Portuguesa dos Amigos do Caminho de Ferro que informassem daquilo que soubessem sobre o assunto. A resposta obtida vai exactamente no mesmo sentido da anterior, ou seja, a probabilidade de que a mais antiga locomotiva a vapor que chegou até nós ser a "Estremoz" é de 25%. A resposta foi a seguinte:
"A locomotiva que aparece no documentário da RTP tem o número 02049 e está preservada na secção museológica de Nine.
Fazia parte de uma série de quatro locomotivas iguais, fabricadas no Reino Unido pela empresa William Fairbairn & Sons e adquiridas em 1857 pela Administração do Caminho-de-Ferro de Lisboa a Santarém, para serviços mistos naquela linha, hoje integrada na linha do Norte. Nessa época as locomotivas daquele caminho-de-ferro eram identificadas por nomes e não pela mais generalizada prática da atribuição de números, tendo recebido os nomes “ALEMQUER, “ESTREMOZ, “LEIRIA” e “VILLA FRANCA. Esta era uma prática meramente administrativa e técnica, destinando-se unicamente a permitir distinguir as locomotivas, não havendo qualquer padrinho ou madrinha.
Em 1874 já só restavam duas delas, tendo sido ambas vendidas pela Companhia Real (antecessora da CP) ao Caminho-de-Ferro do Minho e Douro (MD) para auxiliar na construção daquelas linhas. Nesta empresa sabe-se apenas que em 1882 já só havia uma delas, com o número 17 e o nome “ESTE”, alusivo ao Rio Este, como era prática habitual naquela empresa.
Posteriormente foi significativamente modificada para o aspecto com que chegou até hoje, com a numeração 02049 atribuída em 1931 na sequência da exploração do MD pela CP.
Será de salientar que não existe qualquer fonte histórica fidedigna que possa sustentar a tese de alguns, de que a 02049 seja a que em 1857 era designada “ESTREMOZ, tese essa que se baseia unicamente numa alegada semelhança (!) de nomes entre ESTE e ESTREMOZ. Tal é, na nossa opinião, tanto mais inverosímil, na medida em que quando as locomotivas foram vendidas para o Minho e Douro já não tinham o nome por que eram identificadas no início da sua circulação em Portugal, sendo apenas identificadas pelos números já referidos.
Assim, pese embora as dúvidas que se acabaram de afirmar, julgamos que a locomotiva em questão tem pleno cabimento no “bairrismo” que o caro interlocutor assume na sua questão, desde que devidamente enquadrada na dúvida histórica existente e nos 25% de probabilidade de que a locomotiva em questão se tenha chamado “ESTREMOZ."
Notas:

  • A foto divulgada é propriedade da CP; 

  • Também publicado em ad valorem

EFICÁCIA ?

Começámos no dia 27 de Março. O Hernâni deu a cara. Outros se seguiram. Bons posts. Intervenções a preceito. Textos inovadores. Coisas interessantes. Muitos seguidores .... mas ZERO comentários.
Não é que os comentários sejam sinónimo de qualidade dum blog. De facto, como bem exemplificou o António Ramalho (AJBR) no artigo aqui dado à estampa, alguma tipologia de comentários até são totalmente dispensáveis. No meu blogue pessoal mantenho cerca de 30, à espera de melhores dias e de alguma coragem, para os poder partilhar com todos os que seguem estas coisas. Talvez então, se perceba melhor o alcance, do que é o principio da responsabilidade que o Nuno bem exemplificou no seu artigo.
Mas o Estremoz Net sem comentários deixou-me algo confuso.
1-A malta estará expectante?
2-Talvez tenha surgido uma crise de inspiração? Se calhar o fenómeno dos blogues não terá afinal tantos seguidores...
3-Talvez alguns tenham gasto os comentários todos em Outubro... segreda-se alguém, ainda lembrada com a "coragem" que alguns manifestaram nesse inesquecível período da blogosfera estremocense.
4-(...)
Ao 17º dia de vida o blogue mantém uma estranha apatia, que nem os mais cépticos poderiam imaginar. Primeiro pela inexistente interactividade (Esperava-se outra dinâmica. Era expectável maior participação civica, comentários, sugestões, criticas e claro, comentários de baixo nível.)
E depois, porque também é justo dizer, a nossa produção tem sido baixa.
De facto com 8 produtores, digamos assim, em 17 dias só é possível contabilizar 17 textos. Dá um por dia, o que em termos de eficácia, (os economistas adoram estes rácios) é muito reduzido.
O José Pardal tem um sonho. Eu também. Sonho com um espaço de liberdade. Um blog respeitado, onde cada ideia tenha debate sério e responsável, onde os anónimos ganhem coragem, ou será que cai por terra a teoria do AJBR ?
Um blogue colectivo tem inequívocas vantagens: tem maior dinamismo, mais visitas e, por maioria de razão, um maior interesse que decorre do facto de com múltiplos autores, múltiplas sensibilidades, múltiplas opiniões é sempre possível comparar o verso e reverso, o ponto e o contraponto.