Há cerca de seis meses, mais precisamente no dia 11 de Outubro passado, o MIETZ – Movimento Independente por Estremoz, ganhou as eleições autárquicas.
Para muitos analistas, tratou-se dum efeito que passou desde então a ser designado por “Tsunami Mourinha”, o qual conseguiu congregar votos que no espectro partidário foram do BE ao CDS, com largas fatias arrancadas à CDU e ao PSD.
Para muitos desses analistas, tratou-se duma inequívoca vontade de mudança. Segundo eles, a população maioritariamente cansada da governação local PS, desenvolvida pela equipa de José Alberto Fateixa, fez um “manguito” aos partidos tradicionais que se apresentaram ao eleitorado e alinhou numa “vaquinha” com o MIETZ.
Durante algum tempo falou-se por aí que o MIETZ iria constituir-se em Associação Cívica com o mesmo nome. Associação Cívica com os seus Estatutos reconhecidos notarialmente, com os seus Objectivos Estatutários, a sua Direcção, a sua Mesa da Assembleia-Geral e o seu Conselho Fiscal. Seria uma forma de institucionalizar as pontes de entendimento entre os cidadãos que não se reviram na actuação dos partidos tradicionais. Seria ainda uma forma de aperfeiçoar a intervenção democrática, uma vez que os eleitos do M IETZ teriam que passar a prestar contas perante os Corpos Sociais da Associação Cívica a criar, tal como os eleitos pelos partidos tradicionais têm que prestar contas aos Órgãos de Gestão dos Partidos pelos quais foram eleitos.
Decorridos cerca de seis meses sobre as eleições autárquicas, ainda não se verificou a constituição da Associação Cívica “MIETZ”. Cremos que não terá sido uma vaga promessa eleitoral produzida numa altura em que tudo estava em “ponto de rebuçado”. Estamos mais inclinados a pensar que a ideia inicial apenas esmoreceu.
Longe dos “calores eleitorais”, a ideia não terá morrido, apenas terá ficado em “banho-maria”. O MIETZ resume-se assim neste momento aos eleitos, quando poderia ser muito mais.
Com o exercício do poder, no enleio de urdiduras e de tramas no nosso tecido social, há uma miríade de situações que levam os eleitos a dar golpes de rins, que muitas vezes não se enquadram na cartilha dos objectivos eleitorais.
O homem comum, afastado da dinâmica da participação cívica, deixa de vislumbrar a aura que encima a cabeça dos eleitos, os quais com o decorrer do tempo se tornam cada vez mais homens comuns.
A dinâmica interna dos movimentos é fruto do contra-ponto e do confronto amplo de ideias, que permitem delinear as linhas de força a seguir. Sem elas, movimentos como o MIETZ correm o perigo de esvair-se, bem como o risco inescapável de ficarem balizados no tempo, isto é, a sua eficácia ficar cingida a um único mandato autárquico. Nisso apostam CDU, PS e PSD, partidos do arco da governação autárquica estremocense, uma vez que a demora na constituição da Associação Cívica MIETZ lhes é lhes favorável. Por isso, CDU, PS e PSD agradecem a demora, reconhecidos e atentos, que não veneradores e obrigados.
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