Ainda a propósito do recente falecimento do ex-Presidente da Câmara Municipal de Estremoz, Sr. José Gomes Palmeiro Costa

Ainda a propósito do recente falecimento do ex-Presidente da Câmara Municipal de Estremoz, Sr. José Gomes Palmeiro Costa, gostaria de dar a conhecer aos meus leitores a intervenção que proferi na sessão da Assembleia Municipal de Estremoz do dia 2008/06/27, já lá vão quase dois anos, quando foi recusada, ao Sr. José Costa, a concessão da Medalha da Cidade de Estremoz, Grau Ouro.
Caros amigos, a memória não pode ser curta...
Como na altura disse “Sou daqueles que acham que as homenagens, aos homens bons, heróis ou notáveis, deverão realizar-se em sua vida, para que sintam quão os comuns dos mortais como nós, os admiram e lhes estão reconhecidos, pelas suas obras ou pelos seus actos, dignos ou ousados...”.
Infelizmente, José Costa foi mais um estremocense a quem não foi reconhecido, em vida, o trabalho, a benemerência e dedicação para com o próximo.
Aqui vos deixo a intervenção:
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Exma. Sra. Presidente da Assembleia Municipal

Exmo. Sr. Presidente da Câmara
Srs. Deputados Municipais e Srs. Vereadores
Minhas Senhoras e Meus Senhores

Quando numa anterior Assembleia, me congratulei pelo reconhecimento a 3 ilustres estremocenses, agraciados com a Medalha de Mérito Municipal Grau Ouro, fi-lo e disse-o, por e na convicção “que são actos como esses que galvanizam os cidadãos e criam condições, para que coloquemos de parte, aquilo que nos divide (as divergências de opinião) e possibilitam que nos unamos, em torno de um projecto comum”.

E disse também que: “Sou daqueles que acham que as homenagens, aos homens bons, heróis ou notáveis, deverão realizar-se em sua vida, para que sintam quão os comuns dos mortais como nós, os admiram e lhes estão reconhecidos, pelas suas obras ou pelos seus actos, dignos ou ousados...”.

Nessa altura apesar de o pensar, não o disse, mas hoje digo também que, mal está a terra, a cidade, o concelho, a região ou o país, que não sabe homenagear condignamente e em vida os melhores dos seus filhos.

Não terá um projecto comum, nem história, nem identidade e não terá certamente futuro risonho.

A identidade de uma nação, de uma região ou de uma localidade, constroi-se na atitude e vivência dos homens, e nos actos relevantes por eles praticados, e transmite-se através da memória colectiva às gerações vindouras.

Quantos serão os que tendo elevado bem alto o nome de Estremoz ou dado muito do seu tempo, da sua dedicação, sacrifícios e muitas vezes do seu bolso, e Estremoz não reconheceu neles em vida, mérito, capacidade, exemplo e dedicação em prol da cidade, do concelho e dos outros concidadãos, para os agraciar ainda em vida?

Muitos terão sido certamente e dou o exemplo, de alguns que ainda penso estarem na memória da maioria dos presentes, mas que já não se encontram entre nós:
Dr. Assis e Santos, José Carlos Tristão Luna, Dr. Crujo, Dr. Paulo Lencastre, Engº Brito Tavares, Armando Alves (pai), Diamantino Godinho, Aníbal Falcato Alves, José Augusto Tabaquinho, Afonso Costa, Dr. Luís Rosado, Carmo Pequito, José de Alter, Eng. Jorge Anjinho, Nini Gonçalves, Padre Carmo Martins, e muitos outros.

A maioria nem sequer teve direito a ter o seu nome numa das ruas do concelho!...

Srs. Vereadores, Srs. Deputados Municipais

Não foi relevante para o concelho a passagem destes senhores, pelo mundo dos vivos?

Reconheço que alguns não poderão responder, por não serem contemporâneos da maioria dos focados.

Mas alguns de nós ainda se lembram do papel relevante para Estremoz e para os estremocenses, que estes tiveram ao longo da sua vida.

Quem se esqueceu do papel relevante que José Luna teve nas várias colectividades por onde passou, nomeadamente, Bombeiros e C F Estremoz?

Quantas milhares foram as consultas em que os Drs. Assis e Santos, Crujo, Paulo Lencastre, se recusaram a receber os devidos honorários, por saberem que os seus utentes não dispunham de capacidade financeira para comer, quanto mais para pagar a sua saúde e dos seus?

Quem não se lembra do papel que desempenharam, algumas das personalidades que indiquei (irmãos Alves, Diamantino Godinho, José Augusto Tabaquinho, irmãos Costa e muitos outros, alguns deles familiares de alguns dos presentes), na consolidação de projectos nas mais variadas colectividades do concelho e na ajuda aos mais necessitados, angariando comida, vestuário e calçado.

Lembram-se do almoço dos pobres, que se realizava, anualmente, nos “Encarnados”.?

Eu ainda me lembro, apesar de vagamente.

E o papel do polémico, mas dinâmico Carmo Pequito, na dinamização e divulgação cultural, desportiva e recreativa da nossa cidade.

Sabem quais foram durante várias décadas, os maiores marcas divulgadoras do nome de Estremoz?

Os Mármores de Estremoz, o Regimento de Cavalaria nº 3, o Sr. José de Alter e o Eng Brito Tavares e os seus ovinos.

Reconhecemos condignamente e em vida, o seu papel na sociedade estremocense?

Deixo a resposta à vossa consideração.

Srs. Vereadores

Vem tudo isto a propósito da recusa, por falta de unanimidade, na concessão da Medalha de Mérito Municipal Grau Ouro, ao cidadão José Palmeiro Costa.

Admito perfeitamente, que não concordem com o político José Costa, mas sei perfeitamente, que sabem quem foi o cidadão José Costa?

Em questões desta natureza, não nos podemos restringir, à preocupação com o sentido de voto, quando o que está em causa, é o reconhecimento do papel relevante de um cidadão exemplar, em prol da colectividade.

Srs. Autarcas

Em política não vale tudo.

Quando se tomam decisões desta relevância é necessário, que a nossa consciência e o nosso sentido de justiça, estejam livres e desinibidos de preconceitos de qualquer natureza, que nos podem toldar uma qualquer decisão racional.

Com a falta de capacidade para reconhecer condignamente, o papel relevante de alguns em proveito de todos, continuaremos a não ter identidade, a não ter história e a ter um futuro toldado por erros grosseiros dos vários passados, que já passaram e hão-de passar.

A minha esperança é que este episódio, apesar de relevante, tenha sido apenas um pequeno percalço, no longo trajecto que é a vida do nosso todo colectivo.

Obrigado por me terem ouvido

Tenho Dito
José Capitão Pardal

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