De há muitos anos para cá que em Estremoz existem (existiam) 3 feiras:
1. A Feira de S. Tiago, que tinha lugar de 25 a 27 de Julho;
2. A Feira de Santo André (também conhecida no passado por Feira das Passas) de 30 de Novembro a 3 de Dezembro;
3. E a Feira de Maio, criada em 1925 por José Lourenço Marques Crespo, a qual tinha lugar no 2.º Sábado e no 2.º Domingo do mês de Maio.
Esta última feira foi criada já com o propósito de “estabelecer em Estremoz um centro de transacções de máquinas e alfaias agrícolas e exposições de espécies pecuárias”. Foi nesta primeira feira de Maio que teve lugar a 1.ª Feira Exposição da Agricultura de Estremoz.
Sessenta anos mais tarde, mais concretamente no fim-de-semana que terminou a 12 de Maio de 1985, voltou a ser ensaiada uma versão singela daquela Feira-Exposição. No ano seguinte, em 1986, a ideia de reeditar uma feira temática ganhou novo fôlego e maiores recursos e voltou a ser reeditada com maior força aquela que terá sido para uns a III Feira-Exposição da Agricultura de Estremoz enquanto para outros terá sido a IV. Enfim, pouco importa. Novidade destas feiras de Maio de 85 e 86: foram alargadas a 3 dias. Certo, certo, foi que no ano seguinte se pensou enterrar definitivamente as Feiras Exposição de Agricultura e, mercê da recente geminação com Zafra, criar uma nova feira de cariz internacional que veio a receber a designação de FIAPE (Feira Internacional Agro-Pecuária de Estremoz). Estávamos em 1987. Mas lá está, cumpriu-se a tradição da feira fundada por Marques Crespo e ela teve lugar no segundo fim-de-semana de Maio, desta feita de 8 a 10 de Maio.
Este ano celebrou-se a XXIV edição da FIAPE. Nunca como antes esta foi tão ofuscada pela sua concorrente directa OVIBEJA. Foi para que lá que foram os ministros, foi para lá que foi a imprensa, nomeadamente radiofónica e televisiva, enfim Estremoz e a nossa feira apenas mereceu uma nota de rodapé.
Há anos que ouço falar que foi a OVIBEJA que aproximou a data da sua realização da nossa FIAPE. Enfim, até pode ser que seja verdade, porém não deixa de ser igualmente verdade que a FIAPE, como há pouco demonstrei, também alterou o seu calendário original (que seguiu o originalmente instituído em 1925). E tal antecipação já chegou a ser de cerca de duas semanas (varia de ano para ano). Uma coisa vos garanto: Estremoz não ganha nada em manter esta teimosia, este braço de ferro com Beja, em especial num momento em que a nossa antagonista tem mais força. A FIAPE não teria passado despercebida se tivesse sido realizada na sua data tradicional, terminando no próximo fim-de-semana, o segundo fim-de-semana do mês de Maio.
Se no ano da fundação da FIAPE (e nas edições subsequentes mais imediatas) foi esta que ofuscou a OVIBEJA, que já existia desde 1983, agora tal já não irá acontecer. Por essa altura, era a FIAPE que concentrava todas as atenções mercê do sucesso que à época teve o golpe de marketing da nossa feira ser “internacional”. Na época, a prioridade do Ministro da Agricultura era vir a Estremoz e não a Beja (em 1987, recordo-me perfeitamente, foi Álvaro Barreto quem passou “revista” à feira sem nunca ter deixado de falar da “irresponsabilidade” dos partidos da oposição que nesse ano tinham acabado de fazer cair o I Governo de Aníbal Cavaco Silva). Hoje, a internacionalidade da nossa FIAPE já não cola nem convence ninguém, a OVIBEJA tem manifestamente mais recursos, maior criatividade e, por maioria de razão, tem claramente mais sucesso. Só não vê quem não quer ver. Hoje a irresponsabilidade é continuar a querer partilhar o palco com a nossa concorrente. A FIAPE precisa de se destacar novamente e agora para o fazer terá de ser noutra data.
Se houver um pouquinho de juízo a FIAPE 2011 realizar-se-á em Maio.
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1 comentários:
Caro amigo.
Subscrevo a tua análise.
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