A aprendizagem social dos prevaricadores


De alguns anos a esta parte que a Câmara Municipal de Estremoz, através da acção do seu Pelouro do Ambiente e Serviços Urbanos, tem adoptado medidas ajustadas à Gestão de Resíduos e à Higiene e Limpeza. A propósito disso, o web site do Município informa-nos que com vista à recolha de resíduos sólidos urbanos, a Câmara Municipal dispõe do seguinte equipamento: - 2 viaturas de recolha de lixo; - 1 varredora mecânica; - 1 camião de recolha do lixo grosso; - cerca de 850 contentores do lixo; - cerca de 50 Ecopontos (28 na cidade e 32 nas freguesias). Não sabemos se estes dados estão actualizados, mas isso é irrelevante para o assunto que nos propusemos abordar na presente coluna.
Como é sabido, os recursos naturais são finitos, pelo que desde há muito que o mundo civilizado se preocupa com a possibilidade do seu esgotamento. Daí que a nível global se tenham adoptado estratégias visando a poupança desses recursos. Ora todos nós produzimos resíduos sólidos diariamente, os quais podem vir a ser reutilizados como matérias-primas no fabrico de mercadorias que nos são indispensáveis no dia a dia. Como tal, o Município de Estremoz, à semelhança dos restantes, implementou um sistema de Ecopontos, estrategicamente distribuídos pela cidade e pelas freguesias rurais.
Cada Ecoponto é constituído por três contentores individuais, destinados a receber separadamente diversos materiais e cada um deles está identificado pela correspondente cor: VERDE (vidro), AMARELO (metal e plástico), AZUL (papel e cartão). Nalguns Ecopontos estão ainda adaptadas estruturas destinadas à recolha de pilhas e/ou óleo.
O que cada um de nós tem que fazer é, simplesmente, separar os materiais em casa, levá-los ao Ecoponto mais próximo e depositá-los no correspondente contentor. Ao fazê-lo, está a dar um importante contributo para a reciclagem ou seja para a transformação de materiais usados, que já cumpriram a sua função, em novos materiais que a hão de vir a cumprir. A nossa atitude é, assim, uma atitude cívica que visa não só a poupança de recursos naturais, como contribui igualmente para a redução da poluição associada aos processos produtivos.
Folhetos informativos distribuídos oportunamente pelo Município de Estremoz, dão-nos uma medida dessa poupança. Assim, a deposição no Ecoponto de:
- 2 jornais por semana, durante um ano, evita o abate de uma árvore;
- 1 pacote de latas por semana, durante um ano, permite a poupança de 50 Kg de minério;
- 47 garrafas de plástico de 1,5 litros, são suficientes para assegurar o enchimento de um saco-cama;
- garrafas de vidro usadas poderão ser transformadas noutras tantas, novinhas em folha.
A consciência destes factos é simultaneamente a consciência do poder positivo que cada um de nós dispõe e que lhe permite contribuir para a poupança dos recursos naturais e para a redução da poluição.
Proceder de maneira contrária é dispor de poder negativo através de práticas que conduzem ao esbanjamento dos recursos naturais e ao aumento da poluição. E há quem o faça e deite nos contentores de lixo, embalagens de plástico, de vidro, de metal e de cartão, quando a 50 metros do local, têm Ecopontos. Tais comportamentos são triplamente faltosos:
- Falta de consciência cívica do papel individual que cabe a cada um de nós na reciclagem;
- Falta de respeito por quem exerce as adequadas práticas de reciclagem;
- Falta de auto-estima, pelo mau exemplo dado, em especial em relação às crianças, que desde o primeiro ciclo são educadas na reciclagem.
Há um ditado antigo que diz: “Presunção e água benta, cada um toma a que quer”. Vem isto a propósito dos presunçosos, bastante presunçosos até, que teimam em não reciclar, porque acham que “não são empregados de ninguém” ou então porque “não estão para trabalhar para a Câmara”. São casos de santa estupidez ou de olímpica indiferença ao bem comum. Porém, nada que uma fiscalização camarária mais apertada e algumas coimas pedagógicas não possam resolver. Assim se poderá vir a processar a aprendizagem social dos prevaricadores.
Publicado também no nº 89 (15-7-2010) do Jornal ECOS

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