Haja decência (II)

Sr. Dr. Luís Assis: prometo-lhe que vou ser breve e que esta vai ser a última vez que vou ocupar o meu tempo a responder-lhe.
Antes de mais, fique também a saber que há duas formas distintas de estar na política: uma delas passa pela defesa das nossas ideias, com respeito pelas dos outros (ainda que diferentes); a outra assenta fundamentalmente no ataque às ideias, práticas ou acções dos outros. Deixe-me que lhe diga que, salvo melhor opinião, esta tem sido a postura sistemática e reincidente protagonizada pelo cidadão Luís Assis (e da qual não generalizo, de forma cega e abstracta, para o partido que representa; ou seja, quem faz isto é este cidadão, não é, não tem que ser o CDS).
Posto isto, devolvo-lhe a alegada "justificação do injustificável" e afianço-lhe que a sua última intervenção não só não repõe a verdade dos factos, como persiste na deturpação dos mesmos.


  1. O Sr. insinua que o empréstimo iria servir apenas para financiar os imóveis em relação à aquisição dos quais o PSD votou contra; É FALSO! O empréstimo para a aquisição de imóveis incluía também 500 mil euros para a compensação aos proprietários dos terrenos onde se espera que venha a ser instalada a Zona Industrial dos Arcos; 

  2. O Sr. faz da demagogia uma arma de arremesso quando tenta transpor para exemplos comezinhos do dia-a-dia, realidades que não são comparáveis, como faz quando refere que alguém "não quer comprar uma casa mas quer assinar o contrato de empréstimo para a sua compra"… o meu comentário é: Haja decência! Na política não tem de valer tudo.
As posições assumidas pelo PSD através da minha pessoa são coerentes, consistentes e esclarecidas conforme penso que terá ficado demonstrado nos 8 pontos do artigo anterior. Quem tentou conspurcar tais posições através de interpretações enviesadas foi o cidadão Luís Assis (não o CDS), ou seja aquele que assina (tal como eu) uma crónica quinzenal no jornal Brados do Alentejo.
  
Assunto encerrado.

COLECÇÃO DA ALFAIA AGRÍCOLA DE ESTREMOZ - mais uma vez


Este texto foi enviado à redacção do jornal “Brados do Alentejo”, na intenção de vir a ser publicado na edição de 8 de Julho, como réplica ao artigo do director do Museu Municipal de Estremoz, inserido no mesmo jornal na edição de 24 de Junho.

Relativamente ao artigo do director do Museu Municipal de Estremoz (DMME), inserido no nº 740, de 24 de Junho, deste jornal – “Ainda bem que não passa de um sonho”, revisitado” – em primeiro lugar gostaria de agradecer ao seu autor pelo esforço de promoção da minha pessoa. Na realidade eu não sou Dr., mas educador de infância, e foi no exercício dessas funções, ao longo de muitos anos, que me aproximei das problemáticas ligadas ao património museológico e à museologia. Mas enfim, nós, portugueses, temos este hábito provinciano de distribuir títulos de forma generosa a qualquer um.
Como provinciano é o argumento de continuar a designar Museu da Alfaia Agrícola à Colecção da Alfaia Agrícola de Estremoz (CAAE), para não passar a mensagem de diminuição de categoria, conforme é referido no mesmo artigo – como se o essencial fosse a forma e não a substância, como se os museus não nascessem de colecções [1].
Aliás, esta questão da(s) colecção(ões), neste caso da CAAE, parece suscitar algumas dúvidas. Enquanto DMME fala de colecções, eu insisto na utilização do termo no singular – colecção. Não se pense com isto tratar-se de um problema gramatical. Pelo contrário, trata-se de um problema de semântica com diversas implicações.
Em primeiro lugar há que considerar a intenção do(s) colector(es), a pessoa, ou pessoas, que recolheram o espólio que constitui a colecção: embora talvez não tivesse suficientemente explicitado pelo(s) próprio(s), a intenção de tamanha recolha era a preservação da memória da actividade agrícola da região de Estremoz.
Implicitamente, o que aquelas pessoas fizeram, ou pelo menos deram um primeiro passo nesse sentido, foi a transformação dos objectos: reuniram objectos / artefactos que haviam sido criados para determinadas funções (económicas e sociais), para virem a assumir outras funções, não tomados isoladamente, mas integrados num conjunto, a partir do qual se constrói uma narrativa da memória social de uma comunidade, que se materializa na exposição.
É esta mudança de função do objecto, no caso presente, de objecto utilitário / instrumento de trabalho agrícola, para objecto significante, que constitui uma das funções dos museus, e não só.
Por isso que a materialidade dos objectos é importante – quando a matéria de que os objectos são feitos deixa de existir, ou atinge um nível de degradação muito elevado, perde-se também a possibilidade de reconstruir os significados que eles encerram.
No caso da CAAE, a quase totalidade do seu espólio constitui um todo, que nos permite testemunhar e interpretar os trabalhos agrícolas, que completam o ciclo desde a limpeza e preparação da terra para a sementeira, passando pela monda, a ceifa, a debulha, a selecção das sementes para o ciclo seguinte, além de outras actividades paralelas, e factos sociais, directa ou indirectamente relacionados.
É um facto que, do ponto de vista da classificação dos artefactos, eles podem ser “arrumados” de maneira diversa. Por exemplo: preparação da terra, colheita, pastoreio, alimentação, transporte, vinha, azeite, recheio doméstico, iluminação, miniaturização, etc. [2
Mas não é por isso que, como nos quer fazer crer DMME, se venha a falar de colecções.
A CAAE constitui uma unidade, suficientemente coerente apesar da sua extensão, representando este facto uma mais valia, conforme tem sido reconhecido por especialistas que a visitaram.
Afinal, esta divergência entre chamar-se colecção ou colecções ao espólio da Alfaia Agrícola de Estremoz é mais profunda do que parece a distinção entre singular e plural. No primeiro caso – colecção – centramo-nos numa abordagem dos significados que os objectos / artefactos encerram, que remete para a (re)construção de identidades; no segundo caso – colecções – apenas para os aspectos funcionais desses mesmos objectos / artefactos quando eles ainda estavam integrados no circuito da produção.
Não se trata, por isso, de confusões ou imprecisões, mas de concepções museológicas bem distintas, em relação às quais há que fazer opções.
No mesmo artigo, DMME evoca o meu silêncio nos últimos dez anos. Mais uma vez parece que está mal informado, até porque algumas das actividades educativas desenvolvidas pelo Museu Municipal, ao contrário do que reclamou, não foram da sua inspiração. E, em relação à CAAE, DMME naturalmente era conhecedor dos estudos e trabalhos que desenvolvi [3]. Como director do Museu Municipal e igualmente responsável pela CAAE, alguma vez, nestes últimos dez anos, como seria natural, e até obrigação, chamou ou pediu a opinião a alguém? Promoveu alguma iniciativa para avaliação da situação em que aquela colecção se encontrava e procurar soluções? E tem o desaforo de vir criticar pessoa que não tendo qualquer vínculo com o Município, ou qualquer mandato, não tenha, por sua iniciativa espontânea, intervido na preservação da CAAE. Parece que não está a ter bem noção das responsabilidades.
Não vou entrar mais na resposta aos argumentos evocados por DMME, pela razão que não merecem… e até o diminuem. A observação da situação em que se encontra a CAAE, de que o próprio DMME deu testemunho, e do imóvel que a contém, falam por si.
Para terminar não posso deixar passar a insinuação que me é feita de falta de honestidade intelectual, para a devolver inteiramente à procedência.

Junho de 2010

[1] - Branco, Jorge Freitas; Oliveira, Luísa Tiago – “Ao Encontro do Povo II – A Colecção”, Celta Editora, 1994.
[2] - Classificação de acordo com a Société Internacional d’ Ethnologie et de Folklore (SIEF).
[3] - Silva, Pedro Nunes da - “Contributos para a transformação da Exposição da Alfaia Agrícola em Museu” (1994); Silva, Pedro Nunes da – “Alfaia Agrícola de Estremoz – contributos para a sua preservação” (1995); Silva, Pedro Nunes da , Pacheco, Ruy Zagalo – “Colecção da Alfaia Agrícola – Catálogo Descritivo” (1997). Todos estes trabalhos estão depositados na Biblioteca Municipal de Estremoz.



HAJA DECÊNCIA (Direito de Resposta)


Uma vez que o Sr. Vereador do PSD na Câmara Municipal de Estremoz, a propósito de um esclarecimento deturpa factos e atribui-me afirmações e conclusões que não proferi nem escrevi, imputando-me comportamentos que não tive, assiste-me o direito de resposta para repor a verdade dos factos.
Assim:
1 – Não fiz qualquer ataque pessoal ao Dr. António José Ramalho, cujo nome nem sequer é mencionado no artigo referido, nem dirigi acusações à sua pessoa. Critiquei a decisão política do PSD, o que é completamente diferente. O Dr. António José Ramalho deveria saber a diferença entre a crítica política e a maledicência.
2 – O Dr. António José Ramalho, pelos vistos ainda não percebeu que defendo, intransigentemente, como sempre o afirmei, os Estremocenses, se não percebe isto, nada posso fazer. Os Estremocenses têm o direito de saber o que se passou, tal como eu tenho o direito de exprimir a minha discordância;
3 – Desafio o Dr. António José Ramalho a indicar-me onde é que: “levantei falso testemunho”, pois ao contrário do que declara, nunca afirmei ou escrevi que ele tenha praticado actos à revelia ou contra a decisão do PSD local. Aliás, se bem ler o texto, o Dr. António José Ramalho encontrará tão-somente, referências à decisão política do PSD e não dele;
4 – No que respeita à nota de imprensa do PSD, da mesma não podia ter conhecimento uma vez que saiu no mesmo número do jornal em que foi publicada a minha coluna, sendo certo que os esclarecimentos que prestou nada esclarecem quanto à coerência da posição política tomada;
5 – O que expus no meu artigo são factos e foi sobre eles que me pronunciei e não sobre pessoas, pelo que não pode o Dr. António José Ramalho retirar conclusões pessoais de factos políticos e muito menos lhe é admissível que retire conclusões do que não escrevi e não afirmei, para justificar o injustificável;
6 – Quanto à nota final, mais uma vez retira conclusões não se sabe de onde, viciado que está no seu raciocínio de uma cruzada contra a sua pessoa, quando o que escrevi se reporta ao PSD, pelo que nem sequer lhe admito as considerações finais de quem viciou o que escrevi;
Devolvo-lhe, por isso, os epítetos e os comportamentos.


Haja decência

Haja decência

Se bem que o Dr. Luís Assis já nos tenha habituado ao seu estilo maledicente e a disparar em todas as direcções – para onde está virado e sem alvo definido – entendi por bem prestar esclarecimento das acusações que me dirigiu.

O texto em questão foi publicado no jornal Brados do Alentejo, na edição de 08Jul2010, e diz, entre outras coisas, que a posição assumida pelo vereador do PSD na Câmara Municipal é incoerente e que contradiz a posição oficial do próprio partido. Enfim, se o Dr. Luís Assis não se tivesse precipitado e tivesse lido o esclarecimento que publiquei em 25Jun2010 e, bem assim, a nota à imprensa da responsabilidade da direcção local do PSD, talvez os factos que contesta já não ultrapassassem o alcance do discernimento que demonstrou.

Face ao que antecede, esclareço:

(para continuar a ler clique aqui)


Nota: a foto foi colhida no sítio para o qual aponta a respectiva hiperligação.


HAJA COERÊNCIA

Foto de Jorge Mourinha

Nas reuniões de Câmara de 24/3, 2/6 e de 16/6 houve tomadas de posições políticas que, poderemos dizer, foram tudo menos coerentes entre si, para quem tem o dever de afirmar uma posição, e não, andar aos ziguezagues, qual estrada de montanha, que ora curva para um lado ora para outro.
Na reunião de Câmara de 24/3 o PSD votou contra a aquisição dos terrenos onde está a fábrica Batanete. Até aqui nada de estranho, pois demonstra a posição política do partido a que pertence, dando um claro sinal de discordância em relação àquela questão.
Na reunião de Câmara de 2/6 o PSD votou contra a aquisição do palácio dos Marqueses de Praia e Monforte e contra a aquisição de terrenos rústicos em Veiros, demonstrando a posição de clara discordância do partido político que representa.
Para a compra destes imóveis constava também da ordem de trabalhos, da reunião de 2/6, a contratação de um empréstimo para todos os imóveis.
E aqui dá-se a primeira curva, com o PSD a abster-se na votação para a contratação dos empréstimos destinados à aquisição dos imóveis, com as quais não concordava, isto é, entendeu o PSD viabilizar a contratação do empréstimo para compras com as quais não concordava.
Mas, na reunião de Câmara de 16/6 em que se discutia a aprovação dos contratos de empréstimo para a aquisição de imóveis e empreitadas, o PSD, dá uma valente guinada e de uma assentada vota a favor do contrato de empréstimo para a aquisição dos imóveis com os quais não concordava mas cuja contratação tinha entendido viabilizar.
É isto mesmo.
O PSD é contra as aquisições de imóveis pela Câmara mas entende que deve viabilizar a contratação dos empréstimos e, por fim, é a favor do contrato de empréstimo para cuja compra o mesmo vai servir, mas é contra a mesma!!??!!
Onde está a coerência da posição e decisão política tomada em primeiro lugar? Se se é contra a aquisição dos imóveis não se pode viabilizar um empréstimo para os mesmos e votar favoravelmente o respectivo contrato de empréstimo, como se se tratasse de coisas distintas, que o não são.
Na verdade os empréstimos são a consequência lógica da aquisição, ora, se não se concorda com a aquisição como é que se concorda com o empréstimo e com o contrato para a sua aquisição? Não faz sentido, não tem qualquer lógica, nem coerência.
Esta posição de ziguezague, do ora não, ora talvez, ora sim, é em tudo semelhante àquela que o partido tem adoptado a nível nacional, mas que é demonstrativa de que, ou não sabe o que quer ou quer tudo e não quer nada.
Ficará a dúvida se o PSD era, realmente, contra a aquisição dos imóveis, posto que viabilizou e concordou com o empréstimo para a sua aquisição, que é perfeitamente legítima, pois, se de facto fosse contra a aquisição, tinha que ser contra o empréstimo.
Creio que não é normal alguém dizer que não quer comprar uma casa mas quer assinar o contrato de empréstimo para a sua compra. Foi o que o PSD fez.

Luis Assis
Publicado também no nº 741 (8-7-2010)
do Jornal
BRADOS DO ALENTEJO

Ordem de Trabalhos da Reunião CME de 14Jul2010