NÓS POR CÁ TODOS BEM



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COMUNICAÇÃO "ON LINE"
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A comunicação “on-line” está na ordem do dia. Qualquer um de nós é protagonista diário de uma saga que tem a ver com rotinas diárias que passam pela utilização da www, nos seus múltiplos aspectos:
- Motores de busca para recolha de informação;
- Correio electrónico para difusão de mensagens;
- Blogues e web sites para editar textos, imagens e sons;
- Redes sociais como o Facebook, para convívio e partilha de informação.
Hoje os eventos ocorrem à escala planetária e a sua divulgação processa-se à velocidade de um click.
Somos cidadãos do Mundo e neste ano de 2010, em que se comemora o Centenário da I República Portuguesa, quer queiramos ou não, somos os herdeiros lusitanos da Revolução Francesa, arautos dos valores da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade entre os homens.
Pesem embora alguns desvios de percurso, aqueles são valores que permanecem actuais e que urge honrar e revitalizar, porque os grandes valores são eternos. Têm a dimensão do Homem e/ou de Deus. A opção fica ao critério de cada um, porque é isso que é ser um Homem Livre.
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PROBLEMÁTICAS SUSCITADAS PELA COMUNICAÇÃO “ON-LINE”
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Hoje não podemos estar de costas viradas uns para os outros. A Liberdade exige Responsabilidade e não pode ser Anarquia em nome do combate à Tirania. A Cidadania exige que cada um de nós dê a cara e se assuma de corpo inteiro, não se refugiando no anonimato ou o que é pior do que isso, não se mascarando cobardemente atrás de um pseudónimo, que muitas das vezes não é mais que o auto-reconhecimento da incapacidade de ser um Homem Livre.
Hoje, comunicar é importante. Tão importante como respirar ou comer. É igualmente um acto que deve ser assumido de uma forma ética. Hoje, não é admissível que ninguém, em nome de nenhuns pseudo-valores, tente rebaixar os outros, para se elevar a si próprio. Hoje e muito bem, fala-se em Ética da Comunicação.
Hoje, que somos Homens Livres, devemos ter respeito pela Dimensão dos Outros, bem como respeito pela Propriedade e entre ela a Propriedade Intelectual. Um acto de comunicação na www, não pode ser um mero acto de corte e colagem. São atitudes que devem ser reprovadas pela Comunidade. A Elevação do Homem é fruto necessariamente do Trabalho e do Aperfeiçoamento, mas nunca da facilidade, nem do facilitismo.
São estes alguns dos valores em que acredito. Por eles dou a cara no blogue ESTREMOZ NET (http://estremoznet.blogspot.com), no qual, como diria Ives Montand, sou “compagnon de route” de amigos que não pensam como eu, mas que eu respeito na sua individualidade, porque como Homens de Corpo Inteiro, dão a Cara, na defesa dos ideais em que acreditam. Posso discordar deles, mas respeito-os.
Essa a Postura que será sempre a minha, nesse blogue cujos membros, numa atitute tipicamente cristã, ali resolveram partilhar o seu amor a Estremoz.
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BLOGUE “ESTREMOZ NET”
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“ESTREMOZ NET“ é um espaço de Encontro e de Caminhada, para quem ama Estremoz, o qual assumiu a forma de um blogue de âmbito local e regional, generalista e que se orienta pelos princípios da liberdade, do pluralismo e da independência, procurando assegurar a todos o direito ao debate construtivo e responsável. Como tal, respeita os direitos, deveres, liberdades e garantias consignadas na Constituição da República Portuguesa. Por isso, assume-se como independente de todos os poderes políticos e económicos, bem como de qualquer credo, de qualquer doutrina ou ideologia, respeitando todas as opiniões ou crenças. As opiniões políticas, doutrinárias ou ideológicas ali veiculadas, apenas vinculam os respectivos autores.
“ESTREMOZ NET" é integrado por bloggers que validarão sempre com o seu nome, os respectivos posts e tem a particularidade de não publicar comentários anónimos, mas unicamente os comentários de leitores devidamente identificados.
"ESTREMOZ NET" considera a sua acção como de serviço público, com respeito total pelos seus leitores, em prol do desenvolvimento da identidade e da cultura local, regional e nacional, da promoção do progresso económico, social e cultural das populações e do reforço da independência nacional e da paz. Estes são de resto, os princípios consignados no Estatuto Editorial do blogue.
Criado a 27 de Março de 2010, é integrado por 27 membros e tem como administradores António José Ramalho, José Capitão Pardal e Hernâni Matos. Da equipa de 27 bloggers, 7 ainda não chegaram a postar, provavelmente porque se dividem por múltiplas tarefas e outros têm postado espaçadamente. Todavia há um “núcleo duro” que assegura a continuidade e a permanência do blogue colectivo que veio para ficar. A sua saúde está bem e recomenda-se. De resto, não se trata de uma federação de blogues locais contra ou a favor de alguém, mas apenas de um espaço de Encontro e de Caminhada, para quem ama Estremoz, onde se valorizam questões como: Liberdade versus responsabilidade; - Anonimato e Identificação; - Ética da comunicação; - Propriedade Intelectual.
Outros números: até à presente data foram postadas 186 mensagens e verificaram-se 10849 visitas, o que corresponde a uma média de 35 por dia. O que não é mau, se atendermos a que é um blogue que entronca na realidade local.
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BLOGUE “DO TEMPO DA OUTRA SENHORA”
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Tem endereço http://dotempodaoutrasenhora.blogspot.com . Surgido a 20 de Fevereiro passado, trata-se do meu blogue pessoal, de autor, com posts originais, fruto da criação literária e da recolha etnográfica. Aí como blogger assumo “A escrita como Instrumento de Libertação do Homem” e centro a escrita em conteúdos que têm a ver com Estremoz e o Alentejo, muito particularmente os Usos e Costumes, a Arte Popular e a Identidade Cultural Alentejana. E sobretudo muito, mas muito humor, humor às carradas, com base em factos da vida real, que são “do tempo da outra senhora”.
Alguns números relativos a este blogue: até à presente data foram postadas 75 mensagens, o que corresponde a uma média de 1,8 mensagens por semana. Verificaram-se até agora 25527 visitas, o que corresponde a uma média de 148 por dia. O que seria bom para um blogue de âmbito local, mas que é fraco para um blogue que se assume como de âmbito nacional. De qualquer modo, a visualização do blogue tem vindo a consolidar-se e é caso para dizer que “Roma e Pavia não se fizeram num dia”. O blogue que aposta forte na selecção de links para outros blogues, tem 108 seguidores através do “Google Rede Social” e 33 através dos “Networked Blogs”. Até agora os seus 75 posts receberam 295 comentários, o que corresponde a uma média de 3,9 comentários por post e é revelador da interactividade que este blogue suscita.
Este blogue tem como rectaguarda no Facebook um Grupo de Fãs homónimo do blogue, integrado até ao presente por 1534 membros, número que cresce diariamente.
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MENSAGEM FINAL
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Contra aquilo que apregoam alguns profetas da desgraça, apetece-nos parafraser o cineasta Fernando Lopes, dizendo:“NÓS POR CÁ TODOS BEM!”
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ARMANDO ALVES - O SENTIDO DE UM TRAJECTO


Foi inaugurada no passado dia 11 de Dezembro, no Centro Cultural Dr. Adriano Moreira, em Bragança, uma exposição antológica da obra de Armando Alves. A exposição realizada a convite do Presidente da Câmara Municipal, António Jorge Nunes, estará patente ao público até finais de Janeiro, donde seguirá para Zamora (Espanha).
A exposição intitulada “O sentido de um trajecto” coroa 60 anos de carreira do artista e engloba trabalhos seus dos anos 50 do século passado até aos nossos dias.
Armando Alves nasceu em Estremoz em 1935. Estudou na Escola de Artes Decorativas António Arroio, em Lisboa, e na Escola Superior de Belas-Artes do Porto. Aqui conclui o curso de Pintura com vinte valores, o que originou, em 1968, a formação do grupo “Os Quatro Vintes” com Ângelo de Sousa, José Rodrigues e Jorge Pinheiro, com o qual se apresenta em exposições no final da década de 60. Entre 1963 e 1973 foi professor assistente na escola portuense, tendo aí introduzido o estudo das Artes Gráficas. A sua saída da Escola implicou, aliás, a dedicação às artes gráficas como responsável por essa área na Editorial Inova, fundada no Porto em 1968, e foi nesse domínio que recebeu o 1º prémio da Grafiporto, em 1983.
Tendo começado por uma figuração que pode aproximar-se do universo neo-realista, optou seguidamente por um informalismo matérico desenvolvido na década de 60. Nos anos 70 dedica-se à construção de objectos pintados, de grande depuração formal. A partir dos anos 80 retoma os valores da paisagem que reformula à luz de um abstraccionismo lírico.
Começou a expor individualmente em 1964, na Escola Superior de Belas-Artes do Porto para apresentar exclusivamente trabalhos de artes gráficas. Neste ano expõe na Cooperativa Árvore, onde voltaria em 1985 e 1993. Em 1978 e 1981 realiza exposições na Galeria do Jornal de Notícias, no Porto e em 1987 e 1990 apresenta-se na Galeria Nasoni, Porto. Em 1994 e 1995 expõe na mesma cidade, respectivamente na galeria Degrau Arte e na Galeria Fernando Santos. Em 1996 realiza nova exposição na Pousada de S. Francisco, em Beja, e em 1997 na Galeria Municipal de Vila Franca de Xira e na Galeria da Praça, Porto. Em 2001 expõe na Sala Maior, na cidade do Porto.
Com o grupo “Os Quatro Vintes” realizou exposições na Galeria Dominguez Alvarez, Porto (1968), Galeria Zen, Porto (1969), Sociedade Nacional de Belas-Artes (1969) e Galeria Jacques Desbrière, Paris (1970).
Entre 1997 e 2007 participou em exposições no Brasil, Chile, Cabo Verde, Maputo e Ryahd – Arábia Saudita. De então para cá tem realizado várias exposições individuais e participado em muitas outras exposições colectivas.
No dia 10 de Junho de 2006 é agraciado pelo Presidente da República com o Grau de Grande Oficial da Ordem de Mérito. Em Outubro desse mesmo ano, é homenageado pelo Município de Estremoz com a Medalha de Mérito Municipal – Ouro. Em Dezembro de 2009, recebe o “Prémio de Artes Casino da Póvoa”.
É caso para perguntar, quando é que os estremocenses terão o privilégio de ter entre si uma exposição de pintura de Armando Alves? Esta, a realizar-se, deveria ter por palco um dos locais mais nobres para o efeito: a Galeria D. Dinis ou o Museu Municipal Joaquim Vermelho. Aqui fica o alvitre a aguardar uma resposta.
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1954 - Óleo sobre tela (49,5 x 28,5 cm)
1958 - Óleo sobre tela (80 x 47 cm)
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1963 - Óleo sobre tela (84 x 99 cm)
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1978 - Óleo sobre tela (60,5 x 60,5 cm)
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1984 - Óleo sobre tela (63 x 77 cm)
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1986 - Óleo sobre tela  (200 x 160 cm)
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1995 - Óleo sobre tela (65 x 50 cm)
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2003 - Óleo sobre tela (80 x 120)
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2009 - Óleo sobre tela (40x40 cm)

Ó PRA ELES!

O corredor do poder da passada quinta-feira foi elucidativo sobre o que querem e pensam o PCP e o BE relativamente às opções económicas do país, esquecendo-se que já não estamos no verão quente de 75 e que o 25 de Novembro nos devolveu a liberdade entretanto perdida.
A discussão sobre a distribuição antecipada de lucros das empresas privadas, face a uma vergonhosa proposta do PCP, típica dos regimes socialistas ditatoriais, aplaudida pelo BE, demonstra o total desfasamento relativamente ao Estado de Direito Democrático destes dois partidos e as suas reais intenções.
Aos saltinhos e aos pulinhos, todos encarniçados, PCP e BE apregoaram a imoralidade das empresas que decidiram distribuir lucros antecipados, de acordo com a lei, porque estavam a roubar o Estado. É verdade, pasme-se!
Mas, pior do que isto é entenderem que o Estado tem o direito de alterar a seu belo prazer as regras do jogo, conforme os seus interesses pessoais para se alimentar do dinheiro dos privados, tendo estes a obrigação servil de cumprir cegamente.
Este comportamento, típico dos regimes socialistas ditatoriais, que o PCP e o BE pretendem aplicar a Portugal, tem como fundamento o facto de o Estado ser o princípio e o fim de tudo e nada mais interessa a não ser a satisfação dos interesses e da gula do Estado, para o qual todos têm que trabalhar e pagar, sem piar.
Felizmente não vigora em Portugal um regime socialista ditatorial e, felizmente que o PCP e o BE não são nem nunca serão governo.
Para o PCP e para o BE não interessa se o Estado gastou demais e mal e se devia gastar menos e bem, ou se é o culpado pela situação em que nos encontramos. O que interessa ao PCP e ao BE é que o Estado tem que ser alimentado à custa dos outros.
Para o PCP e para o BE o Estado em vez de servir tem que ser servido, tudo sendo permitido, ao Estado, claro, para atingir esse fim.
Não lhes interessa saber, ao PCP e ao BE, se o Estado viola a lei e os mais elementares princípios de direito democrático, porque isso é coisa que não existe para o Estado, que está acima de tudo e da lei.
Para o PCP e para o BE não é imoral propor a aprovação de leis que violem os mais elementares princípios de direito democrático e que essa alteração prejudique o sector privado, desde que sirva os seus interesses.
Para o PCP e para o BE não é imoral nem ilegal propor uma lei retroactiva dirigida a uma determinada empresa ou a um conjunto determinado de empresas que agiram segundo a lei vigente, para lhes sacar o dinheiro.
Imoral para o PCP e para o BE é as empresas agirem de acordo com a lei e decidirem de forma independente, sem autorização e dependência do Estado, decidindo segundo os seus interesses e não segundo os interesses do Estado.
A excitação era tanta que, quando confrontados com o óbvio ficaram sem reacção e, quando Nuno Melo perguntou a João Oliveira porque é que não entregavam os lucros da festa do Avante ao Estado para o ajudar, irritou-se, dizendo que não era a mesma coisa!?!?! No que foi logo aplaudido pelo BE. Surreal, não é?
Assim que se toca nos seus benefícios e mordomias, parece que se lhes espetam alfinetes, porque se consideram intocáveis.
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Luís Assis
Publicado também na edição nº 750 do Jornal Brados do Alentejo

FERIADOS A MAIS?

Charlie Chaplin (1889-1977) em "Tempos Modernos" (1936)

Faz cem anos que a República foi proclamada. Estava-se no dia 5 de Outubro de 1910.
Os novos dirigentes do País procuraram criar uma cultura cívica e laica. Quer isto dizer que incentivavam a cidadania, a participação consciente de cada um, o culto pela História, e, claro, uma separação entre as esferas civil e religiosa.
Uma das suas preocupações foi colocar de forma lógica, no calendário, festividades, que se traduziram em feriados, que proporcionassem aos cidadãos ocasiões para celebrarem eventos de realce, que seriam também de reflexão cívica. Decidiram também permitir que continuassem a ser feriados uma série de festividades católicas.
Assim, para além do 5 de Outubro, data da proclamação do novo regime, alguns feriados, alguns provindos ainda da monarquia, receberam consagração oficial. Foi o caso do 10 de Junho (aniversário da morte do maior poeta português, Luís de Camões, representando o próprio País), e do 1.º de Dezembro (aniversário da libertação de Portugal do domínio de uma potência estrangeira, e, com a República, Dia da Bandeira).
A ditadura Salazarista respeitou estas datas, embora deturpando o sentido cívico das mesmas, e acrescentou-lhe o 28 de Maio. O 25 de Abril de 1974 veio restaurar esse sentido cívico, legalizar um feriado de significado mundial (o 1.º de Maio), e, claro, tornar feriado o 25 de Abril um feriado mais.
Na origem de todos estes feriados estão, pois, intenções, celebrações, eventos que a Portugal e à sua História e transformações políticas dizem respeito. Não são datas de "preguiça", nem tempo perdido, como não o são os Domingos e parcialmente os Sábados...embora os tempos recentes de capitalismo agressivo já tenham eliminado, em muitas "actividades", estes descansos semanais, que são basicamente uma conquista civilizacional. Na verdade, o ser humano não é uma máquina, precisa de tempo para si próprio.
Na Europa "comunitária", o número de feriados é variável. Há países que têm menos feriados do que Portugal. Outros há que têm mais.
Estamos a falar de países diferentes, de histórias e sensibilidades distintas. Não se podem fazer generalizações neste campo.
Mas eis que surge uma ideia bizarra... vinda, como vem, de elementos de um partido republicano. Eliminar feriados. Aproximar Portugal da média europeia neste campo. Juntar feriados a fins de semana (que para alguns já não existem), para evitar as "pontes". Ah!
Em nome da sacrossanta Produção e da saída da crise.
Em vão procuramos, vindos destes deputados, ideias para diminuir o fosso entre ricos e pobres em Portugal. Ou para melhorar a produção...num sentido qualitativo (que é o que faz realmente aumentar significativamente a riqueza), e não num sentido quantitativo. Ou para acabar com o escândalo dos "off-shores" e com a desigual distribuição da riqueza. É preciso é trabalhar, trabalhar, trabalhar. O ser humano não precisa de lazer. É apenas um mecanismo.
A pobreza cultural desta proposta é ainda mais exasperante quando se verifica que os feriados religiosos ficam intocáveis nas intenções destes deputados. Na verdade, para um não religioso, ou, talvez melhor, para um não católico, o que significa o dia do Corpo de Deus?
Não se pretende reabrir uma "Guerra" religiosa, mas não se compreende que, no centenário da República, se tentem abolir feriados de participação cívica e de memória histórica da colectividade, e se esqueça que, pela lógica laica do mesmo regime republicano, deveriam ser os feriados religiosos os primeiros a ser sacrificados!Perante a lógica economicista destas propostas, há que dizer, uma vez mais, que o trabalho deve proporcionar ao Homem o que ele necessita, e não transformar-se numa forma de o escravizar.
Façam-se propostas para distribuir melhor a riqueza nacional, de diminuir o fosso entre ricos e pobres, e proponham-se, pontualmente, dias de trabalho voluntário para isso. Se de facto essas propostas foram credíveis, se levarem a corrigir assimetrias e injustiças, muitos de nós (eu incluído) não se importarão de trabalhar um dia extra. Para alimentar um sistema económico que vê em cada cidadão uma peça duma máquina desumana que produz sem lógica e só para proveito duma economia demente, não vale a pena sacrificar as datas que cada ser humano, em particular, e que cada colectividade, em geral, foi consagrando... e que muitas vezes foram conquistas da nossa civilização.
Querem ver que ainda vamos voltar às 14 e 16 horas de trabalho do início da Revolução Industrial... lá no ano de 1800?
Estremoz, 11 de Dezembro de 2010
Carlos Eduardo da Cruz Luna