Sobre o encerramento de escolas em Estremoz


A desertificação a que o nosso Alentejo está sujeito tem raízes na falta de emprego para os jovens, na falta de perspectivas, na falta de futuro.
Houve nos anos 30 e 40 do século passado migrações dos campos para as cidades do interior, criando, à época, problemas urbanísticos ainda hoje visíveis nas nossas cidades.
Nos anos 50 e 60 os nossos jovens foram obrigados a emigrar para fugir à guerra colonial ou simplesmente para arranjar o trabalho e o sustento que o salazarismo lhes negava.
Já nos anos 70 e 80 as vagas migratórias internas se começaram a dirigir em força para o litoral onde ainda havia emprego.
Mas estas movimentações da nossa juventude em busca de trabalho ou para estudar numa universidade começavam nos nossos 18 anos, não antes.
O governo Sócrates haverá de ser lembrado como tendo tomado medidas que ensinaram crianças de tenra idade a abandonar a sua aldeia para irem à escola na cidade.
Estas medidas que só visam cortar despesas necessárias acontecem porque o governo não teve coragem de ir buscar o dinheiro onde o havia (e continua a haver).
O interioricídio começa precisamente aqui: as aldeias começam a ser abandonadas aos 6 ou 7 anos de idade…
Já só falta fazer um Mega-Agrupamento em Lisboa e levarem as nossas crianças para lá e traze-las nas férias para conhecer a terra e a família.
Assim como assim os filhos dos alentejanos já vão nascer a Lisboa e a Badajoz, é apenas mais uma machadada na nossa identidade…
Vi muita gente do PSD e do CDS a mobilizar-se e a criticar estas medidas. Tem agora uma boa hipótese de as fazer andar para trás, ou será que a troika não quer?