Tomé Babau era um homem revolucionário já mesmo antes de saber o significado dessa palavra. Enfrentou os senhores poderosos da sua aldeia, não... vergando, afrontando-os quando decidiu que também os filhos dele, teriam direito a frequentar o ensino secundário. Foram eles os primeiros filhos de pobres, a possuir bicicleta e mala de cabedal de pôr ás costas, para fazerem o percurso, desde a sua aldeia até à cidade, para estudar. Haveria imensa coisa para descrever este homem. Para mim era o meu sogro, meu camarada e um amigo que sempre tratei por tu, que me contava as suas estórias de vida, aconselhava-me, socorria-me nas aflições, bebia copos comigo, fumava-mos a meias.
Quando queria saber e falar da vida politica do país, perguntava-me sempre da mesma forma "Joquina atão novidades?". Foi a pessoa que conheci até hoje, com mais vontade de viver e mais lutador contra a morte.
A morte afrontou-o várias vezes nestes últimos 29 anos da sua vida. Venceu cancro do pulmão primeiro, venceu aneurisma abdominal em segundo, venceu operação ao coração em terceiro, voltou a vencer um estado de anorexia em último grau, porque não lhe diagnosticaram problemas relacionados com a regulação da tiróide.
Aos 83 anos ainda resistiu 5 meses, ao desgaste e falência do seu organismo, quer pelas doenças que enfrentou, quer pela vida rude de trabalho duro que teve. Mas tenho que lhe fazer justiça, também foi um bom vivant e quando pôde viveu a vida à sua maneira, com todos os excessos a que teve direito. Ficarei com saudade deste homem que sempre gostei muito e que sempre gostou muito de mim.
Maria Joaquina Babau
Texto transcrito do Facebook e postado por Hernâni Matos