PPC

A primeira vez que dirigi a palavra a Pedro Passos Coelho foi para discordar da posição que no momento assumia. Todavia, ao contrário dos demais que o acompanhavam, PPC foi o único que entendeu como pertinente a mensagem por mim veiculada e foi também o único que teve a humildade de rebater os meus argumentos, contrapondo a sua própria visão. Enfim, apesar de não termos concordado em tudo, ganhei respeito a alguém que não temia o debate político e que descia do pedestal para falar de igual para igual com quem o confrontava. Pelo contrário, de Manuela Ferreira Leite, também presente nessa ocasião, fiquei com uma impressão negativa… e ainda subsiste.
Pouco tempo depois PPC abandonou a política activa, permanecendo afastado das lides partidárias por vários anos. Regressou quando Marques Mendes assumiu a liderança do PSD. Mais uma vez estávamos em campos opostos. Eu não conseguia ter boa impressão de alguém que um dia disse – quando era Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros do Governo de Cavaco Silva – que as pensões de miséria em Portugal tinham acabado com o aumento de umas míseras centenas de escudos que acabava de anunciar. Mas enfim, apesar de Marques Mendes não merecer a minha simpatia, não deixei de reconhecer que havia naquela direcção do PSD uma pessoa que respeitava. Porém, por pouco tempo: em Janeiro de 2006 Passos Coelho abandonou o seu cargo de vice-presidente do PSD e voltei a não me sentir minimamente representado naquela direcção.
Com a demissão de Luís Filipe Menezes – que apoiei no confronto com Marques Mendes (segundo o princípio do “mal menor”) – Passos Coelho avançou pela primeira vez para a corrida à liderança do PSD. Para mim a escolha era óbvia: quem era o candidato que sempre rejeitou a prática de golpes indignos para minar o terreno dos adversários? Quem foi que preferiu apresentar-se a sufrágio suportado apenas pela força das suas ideias? Aceito muito bem as diferenças de opinião mas não tolero falhas de carácter.
Não foi à primeira, foi à segunda. Fui e voltei a ser o seu mandatário em Estremoz nas eleições internas do PSD, assim como participei nos eventos por ele promovidos com vista à conquista da liderança do partido. Da sua parte, por seu turno, contra ventos e marés, disponibilizou-se para vir apoiar a minha candidatura autárquica a Estremoz… evento que não se realizou (por razões que agora não vêm ao caso) mas que, mesmo que se tivesse realizado, também não seria por isso que as eleições locais teriam um desfecho diferente… de qualquer modo, registei com agrado o seu gesto.
Neste fim-de-semana, Pedro Passos Coelho ganhou as eleições legislativas. Vai ser o nosso próximo primeiro-ministro. Desejo que tenha muito sucesso… para bem de todos nós. Boa sorte Pedro! Boa sorte Portugal!
Publicado na edição de 09Jun2011 do jornal "Brados do Alentejo";
Também publicado em ad valorem;
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